É uma doença crônica que afeta as células do fígado, prejudicando a circulação do sangue que passa pelo fígado assim como função deste órgão.
Várias doenças podem causar cirrose, como a hepatite C, bebida alcoólica, hepatite B, NASH (esteatohepatite não alcoólica), cirrose biliar primária, cirrose biliar secundária, colangite esclerosante, entre outras.
Dependendo da doença que causa a cirrose, os fatores de risco podem ser vários. Destacam-se ingestão de bebia alcoólica, obesidade, relação sexual sem proteção, compartilhamento de seringas, sexo masculino e idade mais avançada, entre outros.
A prevalência de cirróticos nos Estados Unidos é de aproximadamente 0,27% da população, e destes, aproximadamente 69% não sabem que possui a doença. Aproximadamente 600.00 americanos possuem cirrose.
A cirrose é uma doença silenciosa, com poucos sintomas até estar em uma fase avançada. Podem apresentar água na barriga (ascite), sangramento digestivo alto (varizes de esôfago e estômago), confusão mental (encefalopatia), alterações renais (Síndrome Hepatorrenal), perda de massa muscular, aranhas vasculares, eritema palmar, esplenomegalia, ginecomastia e icterícia, entre outros.
O sangue que passa pelo fígado vem de duas fontes: o que circula pela artéria hepática vem indiretamente do coração, trazendo os nutrientes e a oxigenação para o fígado; e o sangue da veia porta que é proveniente do intestino, pâncreas e do baço, levando todos os produtos que são absorvidos pelo intestino (circulação portal). Após o sangue passar pelas células do fígado, o sangue sai do mesmo através das veias hepáticas, desemboca na veia cava (circulação sistêmica), e leva o sangue para o coração.
Na cirrose, a pressão na veia porta é aumentada, devido à dificuldade de o sangue passar pelo fígado. Isto faz com que acumule sangue no intestino e no baço. Como consequência, o baço aumenta de tamanho, e outros vasos que antes eram pequenos ou inexistentes, começam a aumentar e aparecer, como uma nova rota para que sangue chegue de volta ao coração, sem passar totalmente pelo fígado. Isto faz com que surjam varizes de esôfago, estômago, hemorroidas e que a veia umbilical passe a ter fluxo sanguíneo (varizes na região umbilical).
Outra consequência é que várias substâncias que são metabolizadas no fígado, não passam mais pelo mesmo, se acumulando no corpo, podendo causar alterações mentais, como confusão e sonolência, chamada de encefalopatia. A cirrose também afeta o rim, incialmente diminuindo a eliminação de sódio da urina, fazendo com que acumule mais sódio no corpo, o que resulta em inchaços principalmente nos membros inferiores (edema), e no abdômen (ascite). Assim, o corpo começa a reter água, fazendo com que o sódio do sague abaixe. Com o tempo, a função do rim vai se deteriorando, diminuído a função, o que chamamos de Síndrome Hepatorrenal, ou seja, que o fígado prejudicado começa a afetar o rim.
O diagnóstico é realizado através da história clínica, exame físico, exames de sangue e exames de imagem.
Exames de Sangue: Alteração de exames da função do fígado como o TGO, TGP, bilirrubina, fosfatase alcalina e GGT podem ser encontrados em graus variados. Os pacientes podem apresentar plaquetas diminuídas (plaquetopenia) assim como alterações de exame de coagulação, como o RNI. Sorologia pode ser positiva para hepatite B (HBsAg +), hepatite C (Anti-HVC +), cirrose biliar primária (antimitocôndria +), hepatite autoimune (FAN +, Antimúsculo liso +, Anti-LKM +), entre outros exames. Outros exames também podem vir alterados, dependendo da causa da cirrose, como ferritina e índice de saturação da transferrina aumentados (Hemocromatose), ceruloplasmina baixa (Doença de Wilson), entre outros.
Ecografia: Não determina a causa da cirrose, mas permite visualizar um fígado alterado, nodular, com bordos irregulares, com hipertrofia do lobo caudado, e outros sinais indiretos de cirrose, como ascite e o baço aumentado (esplenomegalia). Permite visualizar a presença de tumores no fígado e, quando realizado com doppler, avaliar a vascularização do fígado.
Tomografia e ou Ressonância: Permite visualizar um fígado alterado, nodular, com bordos irregulares, com hipertrofia do lobo caudado, e outros sinais indiretos de cirrose, como ascite e esplenomegalia. Permite visualizar a presença de tumores no fígado e, quando realizado com contraste, avaliar a vascularização do fígado. É utilizada para descartar a presença de outras doenças. Geralmente não faz o diagnóstico da causa da cirrose. O seu médico irá determinar se há necessidade de solicitar um destes exames.
A cirrose pode apresentar várias complicações, como ascite, encefalopatia, hemorragia digestiva alta por varizes de esôfago, hepatocarcinoma, insuficiência renal, infecções de repetição, e até a morte, entre outras.
Existem várias formas de tratar a cirrose, dependendo da causa da mesma e dos sintomas e complicações. Pacientes com cirrose devem realizar endoscopia digestiva alta para o screening de varizes de esôfago. Na presença de varizes, pode ser indicado a ligadura elástica das varizes, assim como o uso de uma medicação chamada beta bloqueador (ex. propranolol). Esta medicação diminui a chance de sangramento das varizes. Pacientes com cirrose devem fazer ecografia para screening de tumores no fígado. Na presença de ascite, deve-se evitar ingesta de sal, e frequentemente é necessária a utilização de diuréticos. Em casos de encefalopatia, pode ser necessário evitar ingesta de proteínas e se utiliza lactulona. Pacientes ictéricos podem necessitar de suplementação de vitaminas.
Pacientes com cirrose podem viver vários anos, dependendo do grau de comprometimento do fígado. Sinais e sintomas como encefalopatia, ascite, varizes de esôfago que sangraram, indicam doença avançada.
Evitando as causas de hepatite. Assim, deve-se evitar compartilhar materiais que podem conter sangue, como escova de dentes, giletes, material de manicure. As relações sexuais devem sem com proteção, não utilizar drogas ilícitas, e evitar o consumo de bebida alcoólica.