Fígado

Síndrome Hepatorrenal

O que é

É a alteração da função do rim em pacientes com cirrose, insuficiência hepática aguda, hipertensão portal, na ausência de uma doença no próprio rim.

Causa

Pacientes com Síndrome Hepatorrenal apresentam vasodilatação dos vasos artérias esplâncnicos (do sistema digestório), com vasoconstrição dos vasos renais. Isto leva a uma menor quantidade de sangue circulando nos rins (ritmo de filtração glomerular), diminuindo a sua função.

Fatores de Risco

Presença de cirrose, insuficiência hepática aguda, hipertensão portal e hepatite alcoólica. Pacientes com cirrose que apresentam ascite e pressão baixa (hipotensão) possuem um risco maior. Fatores precipitantes incluem infecções, sendo a peritonite bacteriana espontânea a mais comum, hemorragia digestiva alta, paracentese com retirada de grande volume de ascite.

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Incidência

Acomete aproximadamente 10% dos pacientes com cirrose que são hospitalizados com ascite. Pacientes com ascite por cirrose, tem uma incidência de 20% em um ano e de até 40% em cinco anos, de desenvolver Síndrome Hepatorrenal.

Sintomas

Existem dois tipos de Síndrome Hepatorrenal: Tipo 1 é uma forma aguda, com pior prognóstico; Tipo 2 é uma forma que se desenvolve em algumas semanas, em pacientes com ascite refratária ao uso de diuréticos. Possui melhor prognóstico.

Os sintomas são relacionados à cirrose em si, com presença de água na barriga (ascite), sangramento digestivo alto (varizes de esôfago e estômago), confusão mental (encefalopatia), perda de massa muscular, aranhas vasculares, eritema palmar, esplenomegalia e icterícia, entre outros. As alterações renais se apresentam com a diminuição do volume de urina (oligúria ou anúria).

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado através da história clínica, exame físico, exames de sangue e exames de imagem.

Exames: Alteração de exames da função do fígado como o TGO, TGP, bilirrubina, fosfatase alcalina e GGT podem ser encontrados em graus variados. Os pacientes podem apresentar plaquetas diminuídas (plaquetopenia), alterações de exame de coagulação, como o RNI, hiponatremia (sódio baixo). A função renal fica prejudicada, com o aumento da ureia e da creatinina. Nestes pacientes, não é identificado um fator que predispõe à alteração da função renal, apresentando ecografia do sistema urinário normal, não melhora da função renal com a retirada dos diuréticos, sem melhora com infusão de expansores como a albumina, e sem proteinúria (excreção de proteína na urina). A Síndrome Hepatorrenal tipo 1 se caracteriza por uma progressão rápida, com um aumento da creatinina duas vezes maior que a inicial, ou maior de que 2,5 mg/dL, ou uma redução do clearance de creatinina para menos do que 20 ml/min dentro de duas semanas. Apresentam sódio urinário baixo (<10 mEq/L) demonstrando a retenção de sódio.

Complicações

A principal complicação é a insuficiência renal aguda, levando à necessidade de diálise. Se não tratados, a maioria dos pacientes vão à óbito.

Tratamento

O paciente necessita ser hospitalizado para monitorização contínua da pressão arterial, volume de urina produzido, administração de soro. Muitas vezes há necessidade de admissão em UTI. Como a maioria dos pacientes tem ascite, é necessário punção do líquido ascítico para avaliar a possibilidade de peritonite bacteriana espontânea.

Dentre as medicações utilizadas destacam-se: expansores plasmáticos como albumina, vasopressina, telepressina e somatostatina. Alguns pacientes podem necessitar de diálise por um determinado período, não como tratamento, mas devido ao não funcionamento do rim. O tratamento definitivo é o transplante de fígado.

Prognóstico

Pacientes com Síndrome Hepatorrenal tipo I que não são tratados tendem a falecer dentro de 8 semanas. Pacientes com pior prognóstico possuem as seguintes características: grande retenção de sódio urinário (<10 mEq/dia), hiponatremia (Na < 130 mEq/L), baixa pressão arterial média (<80 mmHg), estado nutricional prejudicado, entre outros.

Como evitar

Pacientes com peritonite bacteriana espontânea devem receber expansores plasmáticos, como a albumina, para prevenir a Síndrome Hepatorrenal. Pacientes com cirrose e ascite devem ser avaliados constantemente para evitar alterações da função renal.

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