A amebíase é uma infecção causada pela Entamoeba histolytica, e os pacientes infectados por esta bactéria, podem apresentar um abscesso no fígado.
Infecção causada pela Entamoeba histolytica. A transmissão se dá através da ingestão de cistos de Entamoeba, através de água ou comida contaminada. Ao chegar ao intestino, a parede do cisto é digerida, liberando a forma trofozoíta da Entamoeba. Estes trofozoitas chegam ao intestino grosso, causando diarreia. Podem ser absorvidos, invadindo a parede do cólon, e chegar ao interior da circulação sanguínea portal, se alojando no fígado e causando a abscesso amebiano.
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A infecção por Entamoeba histolytica afeta 40 a 50 milhões de pessoas no mundo, causando de 40.000 a 100.000 mortes por ano. Acomete igualmente homens e mulheres. O abscesso hepático amebiano acomete aproximadamente 8% dos pacientes infectados, porém neste caso, é mais comum homens. A idade mais comum é entre 20 a 45 anos.
Os pacientes se apresentam com dor ou desconforto abdominal, associado à febre baixa, calafrios, fraqueza, geralmente de menos de duas semanas de evolução. Dor em ombro direito, dor durante a inspiração, e tosse podem estar presentes quando o abscesso está próximo ao diafragma. Icterícia acomete 1/3 dos casos.
O diagnóstico na maioria das vezes é feito através da história clínica e de uma ecografia. É necessário um alto índice de suspeita pra fazer o diagnóstico. É comum ser evidenciado leucocitose, anemia discreta, aumento de provas de resposta inflamatória como VHS e proteína C reativa, alterações dos exames de função hepática, especialmente da fosfatase alcalina. A bilirrubina pode estar aumentada em abscessos múltiplos ou de grande tamanho.
Existe um exame sorológico para Amebíase que pode ser solicitado. O raio-X de tórax está alterado em até 50% dos casos, com elevação da cúpula diafragmática direita, com derrame pleural ou atelectasia. A ecografia demonstra uma área hipoecóica (mais branco que o restante do fígado), arredondado, com líquido ou debris no interior. O abscesso geralmente tem aparência de molho de anchova. A punção geralmente não demonstra bactérias ou leucócitos. As amebas são encontradas na parede do cisto. Em 80% dos casos se localiza no lado direito do fígado, e logo abaixo do diafragma.
Tomografia e ou ressonância são indicadas quando existe alguma dúvida diagnóstica para confirmar o abscesso, ou para avaliar possíveis causas abdominais do abscesso, como diverticulite. O seu médico irá determinar se há necessidade de solicitar um destes exames.
Dentre as complicações destacam-se a infecção do abscesso amebiano por outras bactérias, ruptura para o interior da cavidade abdominal, cavidade torácica, pericárdio, vias biliares, ou vísceras adjacentes, e compressão de vias biliares ou vasos sanguíneos do fígado.
A drenagem não é necessária na maioria das vezes, pois os teses de sorologia para amebíase são positivos na maioria dos casos. O tratamento baseia-se na utilização de metronidazol, na dose de 800 mg três vezes ao dia, por 10 dias. Os sintomas melhora com 3 a 5 dias, mas a imagem do abscesso pode demorar de 6 a 9 meses para desaparecer. Outras medicações que podem ser utilizadas incluem: secnidazol, tinidazol, cloroquina, entre outros. Cirurgia raramente é indicada, sendo reservada em casos de invasão de órgãos adjacentes.
A mortalidade pode chegar de 2% até 10% dos casos.
Evitar áreas endêmicas de amebíase e ter os cuidados higiênico-dietéticos.