Fígado

Hepatite Alcoólica

O que é

A Hepatite Alcoólica é uma inflamação do fígado devido ao consumo de bebida alcoólica. Pode se manifestar na forma de esteatose, esteatohepatite alcoólica aguda e cirrose.

Causa

O álcool é absorvido principalmente pelo intestino delgado, e é metabolizado quase que exclusivamente pelo fígado em acetaldeído e acetato. Ambos são os responsáveis por causar esteatohepatite, fibrose e cirrose, dentre outras teorias. O consumo diário de 60 gramas para mulheres e de 80 gramas em homens, por mais de 10 anos é necessário para produzir danos no fígado.

Fatores de Risco

Aproximadamente 20% das pessoas que ingerem bebida alcoólica em grande quantidade, apresentam alterações importantes no fígado, como a esteatohepatite alcoólica aguda, fibrose e cirrose. Alguns pacientes não desenvolvem, por motivos desconhecidos. Mulheres são mais suscetíveis a desenvolver cirrose pelo álcool, e requerem o consumo de uma menor quantidade, por motivos desconhecidos.

Em mulheres, o consumo de 7 doses por semana pode levar à cirrose. Uma dose é o equivalente a uma lata de cerveja, uma taça de vinho, ou uma dose de bebida destilada. Pacientes com hepatite C tendem a desenvolver a cirrose mais rapidamente com o concomitante uso de álcool.

Incidência

Aproximadamente metade dos pacientes cirróticos nos Estados Unidos é devido ao consumo de álcool, ou hepatite C associado ao álcool.

Sintomas

Pacientes com esteatose geralmente são assintomáticos. A esteatohepatite também pode não apresentar sintomas. Quando presentes, os sintomas podem ser cansaço, perda do apetite, náuseas, vômitos. Ao exame o paciente pode apresentar aranhas vasculares, aumento da glândula parótida e hepatomegalia. Conforme a doença vai progredindo para cirrose, outros sinais podem ser evidenciados, como icterícia, ascite, encefalopatia, perda de massa muscular, ginecomastia, sangramento por varizes de esôfago, entre outros.

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Diagnóstico

O diagnóstico é realizado principalmente através da história clínica e de exames de sangue. Geralmente os pacientes tendem a diminuir ou omitir a quantidade de bebida alcoólica que ingerem diariamente.

Exames de Sangue: Aumento dos níveis de TGO e o TGP, sendo os níveis de TGO geralmente duas vezes maior que o de TGP. Raramente os níveis de TGO são maiores do que 400 u/dL, e os níveis de TGP tendem a ser normal ou bem menores do que o TGO. Os níveis de GGT também tendem a aumentar, mas este exame isoladamente não é muito útil no diagnóstico. Em casos de cirrose, surgem alterações dos exames de coagulação, como o RNI, diminuição de plaquetas e de albumina e aumento de bilirrubina.

Ecografia: A ecografia pode demonstrar a esteatose ou até mesmo sinais de cirrose, como alterações no parênquima e bordas do fígado, esplenomegalia, circulação colateral. Porém não permite a diferenciação entre esteatose e esteatohepatite. Na esteatose o fígado aparece com uma coloração mais esbranquiçada, devido à gordura.

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Tomografia e ou Ressonância: São utilizados para descartar a presença de outras doenças. O uso de contrastes pode piorar a função renal. A ressonância pode demonstrar a esteatose, sinais de cirrose, porém não consegue diferenciar a esteatose da esteatohepatite. O seu médico irá determinar se há necessidade de solicitar um destes exames.

Biópsia Hepática: A biópsia pode demonstrar se há acúmulo de gordura no interior das células do fígado, os hepatócitos. A esteatose aparece dento de algumas horas após a ingestão do álcool, mas é completamente reversível. Geralmente é indicada quando há necessidade de se avaliar o grau de fibrose do fígado, visto que a história clínica e os exames laboratoriais a maioria das vezes são suficientes no diagnóstico da hepatite alcoólica.

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Complicações

A principal complicação é a insuficiência hepática aguda e a cirrose.

Tratamento

Pacientes com esteatose devido a um moderado consumo de álcool, não necessitam de um tratamento específico. É indicado parar o consumo do álcool. Em algumas semanas o fígado esteatótico volta ao normal. Outros fatores de risco para esteatose também devem ser avaliados, como obesidade, resistência à insulina, diabetes, dislipidemia.

Em casos de esteatohepatite aguda, é aconselhado parar o consumo de álcool. Pode ser necessário hospitalização para avaliação contínua de possível piora da função hepática, descartar quadro infeccioso, e tratar sintomas de abstinência. Em casos mais graves, pode ser utilizado corticoide e pentoxifilina.

Pacientes com insuficiência hepática aguda por álcool raramente são transplantados, visto que se recomenda um período de 6 meses de abstinência na maioria dos serviços. Estima-se que 4 anos após o transplante, aproximadamente 1/3 dos pacientes transplantados por cirrose alcoólica, com período de abstinência pré-transplante, voltam a ingerir alguma quantidade de álcool, porém, geralmente não o suficiente para causar nova cirrose. O resultado do transplante de fígado em pacientes cirróticos por álcool é muito bom, com sobrevida em um ano chegando a 85-90%.

Prognóstico

O prognóstico depende da severidade da doença hepática. Esteatose tende a reverter completamente em algumas semanas com a parada da ingesta de álcool. Em paciente com esteatohepatite, a recuperação pode ser completa, mas em até 50% dos casos pode evoluir para fibrose e cirrose. Tudo depende da capacidade do paciente de parar o consumo de bebida alcoólica. A cirrose por si só é irreversível, mas parando o álcool, o paciente tende a ter menos complicações, e melhor sobrevida.

Como evitar

Evitar o consumo excessivo de álcool.

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