Fígado

Fígado e Gravidez

Alterações no fígado

Durante a gestação, os níveis sanguíneos dos leucócitos e fosfatase alcalina podem estar elevados. A elevação de bilirrubina não é comum durante a gestação.

Síndrome HELLP

A sigla vem do inglês (Hemolysis, Elevated Liver Enymes, Low Platelet count). Raramente vista antes de 20 semanas de gestação. Pacientes frequentemente apresentam hipertensão arterial e perda de proteína pela urina (proteinúria).

Esteatose Hepática Aguda da Gravidez

Raramente vista antes de 20 semanas, geralmente no terceiro trimestre. Os sintomas mais frequentes são náuseas e vômitos (75%), dor abdominal em região de epigástrio (50%), anorexia e icterícia. Ocorre aumento das transaminases, TGO e TGP, de valores modestos até 1000 IU/L. Aproximadamente 50% dos pacientes possui sinais e sintomas de pré-eclâmpsia. Paciente pode apresentar hipoglicemia, o que não é visto em pré-eclâmpsia ou Síndrome HELLP. Pode levar a insuficiência hepática, renal e coagulação intravascular disseminada.

Colelitíase e Gravidez

A gravidez aumenta a incidência de cálculos na vesícula biliar. Colelitíase tem sido evidenciada em 2 a 11% das gestantes. O principal exame realizado para o diagnóstico é a ecografia. Ressonância sem contraste pode ser utilizada a partir do segundo trimestre se necessário. Tomografia e Raio x tem de ser evitados durante a gestação. A grande maioria das pacientes sintomáticas durante a gestação podem ser tratados de forma clínica. Quando os sintomas são recorrentes, pode ser indicado o tratamento cirúrgico.

O tratamento clínico consiste em hidratação, uso de analgésicos (evitar uso de anti-inflamatórios), orientações alimentares que incluem 3 refeições ao dia, dieta rica em fibras e evitar gordura saturadas. Após o parto, é indicado realizar nova ecografia seguido de colecistectomia, dentro de um prazo de três meses. O tratamento cirúrgico durante a gestação pode ser necessário devido a complicações (colecistite aguda, coledocolitíase ou pancreatite).

Colecistite Aguda e Gravidez

A colecistite aguda acontece em menos de 10% dos pacientes sintomáticos. É a segunda causa mais comum de cirurgia não obstétrica em gestantes, seguido de apendicite aguda. A incidência de Colecistite aguda é vista em 0,05 a 0,08% das gestantes. A paciente deve ser admitida no hospital, iniciado hidratação, antibióticos, analgesia, e frequentemente programar a colecistectomia, durante a mesma internação.

Coledocolitíase e Gravidez

Extremamente raro. Pode ser diagnosticado com ecografia e exames de sangue. A coledocolitíase pode estar associada com infecção (colangite) ou não. A ecografia pode demonstrar dilatação das vias biliares no interior do fígado, evidenciando ou não o cálculo que está causando a obstrução. Os exames de sangue evidenciam um aumento de bilirrubina, TGO, TGP, fosfatase alcalina e GGT. A paciente deve ser admitida no hospital, iniciado hidratação, antibióticos, analgesia, e programar a colangiografia endoscópica retrógrada para remover os cálculos no interior do colédoco. A colecistectomia, durante a mesma internação, é frequentemente indicada.

Pancreatite Aguda e Gravidez

A causa mais comum de pancreatite aguda durante a gravidez é cálculo na vesícula, em 63% dos casos. É associada a mortalidade materna e fetal se não tratada precocemente e adequadamente. Na evidência de colangite concomitante, a CPRE deve ser prontamente realizada. Sem sinais de infecção associada, a CPRE é realizada após a estabilização do paciente e melhora clínica dos sinais de pancreatite aguda. A colecistectomia, durante a mesma internação, é frequentemente indicada.

Colecistectomia e Gravidez

Quando a cirurgia é necessária, na grande maioria dos casos é realizada por laparoscopia, dependendo do tempo de gestação. O fato de estar grávida não parece aumentar os riscos cirúrgicos. A cirurgia a ser realizada depende do tamanho do útero, habilidade do cirurgião e estrutura hospitalar. Mesmo no terceiro trimestre, a cirurgia pode ser realizada por laparoscopia com segurança em serviços especializados. A técnica laparoscópica não é associada a um aumento de mortalidade materna ou infantil, parto prematuro, baixo peso ao nascer. É associada a menos dor, menor tempo de internação, incisões menores, e menor índice de infecção e hérnias de ferida operatória. É necessário um bom julgamento do cirurgião em decidir fazer a cirurgia de forma convencional ou laparoscópica, e converter para cirurgia aberta quando necessário.

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