É a formação de um cisto (líquido no interior), podendo ser únicos ou múltiplos, e de tamanho variado, podendo se formar dentro e fora do pâncreas. A parede do pseudocisto é formada pelas estruturas adjacentes, como o estômago, pâncreas e o intestino grosso, não sendo assim uma verdadeira parede. Por isso o nome pseudocisto.
Pode ser causado após um episódio de pancreatite aguda, devido ao acúmulo de liquido ao redor do pâncreas após a inflamação, ou devido à ruptura de um ducto pancreático, seja por um trauma ou por pancreatite aguda ou crônica. Possui concentração elevada de enzimas pancreáticas em seu interior. Geralmente se forma dentro de um prazo de quatro semanas do episódio de pancreatite aguda.
Dentre os fatores de risco para desenvolver pseudocisto de pâncreas, é ter apresentado um episódio de pancreatite aguda, ou um trauma na região do pâncreas. Dentre os principais fatores de risco para pancreatite aguda são ingesta de bebida alcoólica e pedra na vesícula.
Aproximadamente 10% dos pacientes com pancreatite podem apresentar pseudocistos.
A maioria dos pacientes possui história que tiveram pancreatite aguda ou de um trauma pancreático. No diagnóstico, podem apresentar dor abdominal, sinais de obstrução do duodeno (náuseas, vômitos) ou das vias biliares (icterícia, colúria), formação de fístulas para vísceras adjacentes, espaço pleural e pericárdio, e infecção (febre).
O diagnóstico na maioria das vezes é feito pela história de pancreatite aguda ou de trauma pancreático prévio. Caso não tenha história prévia, é de extrema importância diferenciar de câncer de pâncreas e de outros cistos pancreáticos.
Exames de Sangue: Alteração de exames de amilase e lipase são infrequentes quando o pseudocisto é diagnosticado, mas estavam aumentados durante a pancreatite aguda. O hemograma geralmente é normal. Os exames da função do fígado são frequentemente normais. O aumento de bilirrubina e fosfatase alcalina pode indicar compressão da via biliar intrapancreática.
Ecografia: A ecografia pode demonstrar a presença do pseudocisto, assim como sinais de pancreatite crônica (calcificações e atrofia do pâncreas) ou aguda, dilatação do ducto pancreático, e aumento do tamanho do pâncreas.
Tomografia e/ou Ressonância: Ambos determinam se há pseudocisto do pâncreas, sua localização, assim como a presença de sinais de pancreatite aguda e crônica. Podem ajudar, juntamente com a história do paciente, a diferenciar o pseudocisto de tumores císticos do pâncreas.
Ultrassonografia Endoscópica (ecoendoscopia): Consiste em uma endoscopia associada a uma ecografia que é feita por dentro do seu estômago. Pode auxiliar a determinar se é um pseudocisto ou uma neoplasia cística do pâncreas. Presença de septações no interior, conteúdo ecogênico compatível com mucina, ausência de sinais inflamatórios, podem sugerir ser um tumor cístico. A ecoendoscopia permite aspirar o conteúdo do cisto. Quando a amilase deste líquido é elevada, significa que existe comunicação com sistema ductal do pâncreas, mas este dado não é suficiente para determinar o diagnóstico. Quando o líquido é aspirado, o material deve ser enviado para cultura se há dúvidas que o líquido esteja infectado.
Dentre as complicações mais comuns, são a infecção espontânea no interior do pseudocisto, obstrução do duodeno ou das vias biliares (canal biliar), ruptura para a cavidade abdominal, formação de uma fístula para um órgão adjacente ou para o tórax, trombose de vasos adjacentes, como a veia esplênica (veia do baço que passa junto ao pâncreas), e formação de pseudoaneurismas devido à “digestão” dos vasos adjacentes ao pseudocisto. Os pseudoaneurismas, podem se romper, causando dor abdominal intensa e súbita, sendo mais comum em pacientes com pseudocistos.
Aproximadamente 40 a 60% dos pseudocistos se resolvem espontaneamente. A drenagem do pseudocisto tem sido indicada quando são maiores do que 6 cm, ou se persistem por mais de 6 semanas. Porém, existem vários estudos de acompanhamento de cistos de até 10 cm por período prolongado, sem complicações. A indicação de drenagem incluem crescimento rápido, compressão de estruturas adjacentes, dor abdominal importante e sinais de infecção. Importante antes de realizar uma drenagem, é caracterizar por exame de imagem se existe estenose do ducto do pâncreas ou não. A forma de drenagem depende da localização do pseudocisto, assim como da estrutura hospitalar e habilidade da equipe. Assim a drenagem pode ser feita por cirurgia, por endoscopia ou de forma percutânea (colocação de um dreno pela pele). Seu médico irá determinar se há necessidade de drenagem, e a melhor forma caso seja necessário. No caso de presença de pseudoaneurisma devido ao pseudocisto, é indicado embolização por radiologia intervencionista, antes de qualquer forma de drenagem.
É uma doença benigna, com complicações mais severas infrequentes. Quando optado por conduta expectante, aproximadamente 10 % dos pacientes podem apesentar complicações mais graves, o que acontece na maioria dos casos nas primeiras oito semanas. Complicações com as drenagens chegam a 20%, com mortalidade de até 5%.
O principal é diferenciar de neoplasias císticas e de câncer do pâncreas.
O ideal é evitar os fatores que causam a pancreatite aguda. Assim, pacientes com história de pancreatite aguda devem parar completamente o uso de álcool, cigarro e ingerir dieta com pouca gordura. Pacientes sintomáticos com pedra na vesícula, principalmente os que já tiveram pancreatite aguda, devem ser submetidos à colecistectomia.