É o acúmulo de liquido livre no abdômen, ao redor dos órgãos abdominais. Indica alguma doença, e necessita de investigação.
A causa mais comum é a cirrose. Dentre as causas da cirrose, destacam-se uso abusivo de álcool e hepatite C. Outras causas podem ser: câncer abdominal, tuberculose, insuficiência cardíaca.
O principal fator de risco de desenvolver ascite é a cirrose. Pacientes com cirrose podem desenvolver ascite pela progressão da doença, ou por outros fatores precipitantes, como dieta com muito sal, consumo de álcool, infecção, uso de medicações como anti-inflamatórios não hormonais, e o não uso de diuréticos que podem ter sido recomendados. Outros fatores de risco de aparecimento da ascite em pacientes cirróticos é a trombose da veia porta e o aparecimento de um tumor no fígado, o hepatocarcinoma.
Aproximadamente 60% dos pacientes com cirrose compensada, desenvolvem ascite dentro de 10 anos da doença. O aparecimento geralmente é devagar, no decorrer de semanas ou meses.
A ascite se apresenta com o aumento do volume do abdômen. Pacientes com cirrose podem também ter diversos sintomas associados, como anorexia, emagrecimento pela perda da massa muscular, fraqueza, hemorragia digestiva por varizes de esôfago ou estômago, confusão mental, aranhas vasculares, eritema palmar, esplenomegalia, icterícia, circulação colateral na cicatriz umbilical chamada de cabeça de medusa, falta de ar pela presença de derrame pleural (líquido ao redor dos pulmões), e inchaço (edema) nos membros inferiores. Pacientes com ascite podem apresentar infecção do líquido abdominal, processo chamado de peritonite espontânea primária, que se caracteriza por febre, calafrios, dor abdominal e encefalopatia.
O diagnóstico é através do exame clinico, de exames de sangue e radiológicos.
Exames de Sangue: São comuns alterações dos exames da função do fígado como o TGO, TGP, bilirrubina, fosfatase alcalina, GGT e albumina, dependendo do grau comprometimento do fígado. A presença de baixo níveis de sódio (hiponatremia) é comum. Alteração da função renal, com aumento da creatinina, também pode ser encontrada. Com a deterioração da função hepática, os exames de coagulação como plaquetas e o RNI podem estar alterados.
Exames de Urina: A avaliação de sódio na urina ajuda a determinar o prognóstico e como o paciente irá responder ao tratamento.
Ecografia: É utilizada para evidenciar a presença da ascite, cirrose e tumores no fígado. Quando realizada juntamente com o doppler, pode evidenciar a presença de trombose de vasos do fígado, como a veia porta.
Tomografia e ou Ressonância: É utilizada para descartar a presença de outras doenças, e assim como a ecografia, demonstra a presença da ascite, cirrose, e possíveis tumores no fígado. O seu médico irá determinar se há necessidade de solicitar um destes exames.
Endoscopia Digestiva Alta: Pacientes com ascite devem ser submetidos a endoscopia para avaliar a possibilidade de varizes de esôfago ou de estômago, devido à cirrose.
Punção do Líquido Ascítico: Este procedimento é chamado de paracentese. O líquido ascítico tem coloração amarelada, transparente. O líquido ascítico, quando puncionado, deve ser enviado para análise de contagem de células, cultura, albumina, proteína total, glicose e LDH, entre outros. A contagem das células pode determinar se há peritonite bacteriana. Contagem de leucócitos menor do que 500 com predominância de monomorfonuclear (>75%) geralmente não indica infecção. Um número elevado e com predominância de polimorfonuclear, pode indicar infecção. Em pacientes com ascite, a diferença entre os valores de albumina no sangue em relação à do líquido ascítico é geralmente maior do que 1,1 g/dL. Valores menores do que este podem sugerir outra causa para ascite, e não a cirrose. A maioria dos pacientes cirróticos possuem concentração de proteína menor do que 1,0 mg/dL.
Pacientes com ascite por cirrose possuem risco aumentado de infecções, insuficiência renal, e menor sobrevida. Pacientes com ascite podem apresentar infecção deste líquido, processo chamado de peritonite bacterina espontânea.
Pacientes com cirrose e ascite devem ser avaliados para possível transplante hepático, em centros de referência. Muitos pacientes respondem bem como o uso de diuréticos (ex. furosemida e aldaconte) e restrição de sal na dieta. Em pacientes que não respondem ao tratamento clínico, com grande desconforto abdominal e respiratório, ou na suspeita de infecção, podem ser submetidos à paracentese, ou seja, retirada do líquido abdominal. Para pacientes com ascite refratária a tratamento clínico, pode ser indicado o transplante de fígado, paracenteses de repetição, ou a colocação derivação intra-hepática portossistêmica transjugular (TIPS).
A presença de ascite em paciente com cirrose indica descompensação do fígado. Aproximadamente 50% dos pacientes com ascite por cirrose vão à óbito em 2 anos, se não tratados.
Pacientes com cirrose devem ser acompanhados em equipe especializada. Deve-se evitar sal na dieta, e quando indicado, manter diuréticos como a furosemida e o aldactone.