É o acúmulo de liquido livre no interior do tórax, ao redor dos pulmões. Entre o pulmão e a parede do tórax. Indica alguma doença, e necessita de investigação.
A causa mais comum é a cirrose. Acredita-se que acontece devido à passagem de líquido do abdômen para o interior do tórax, através do diafragma. Geralmente acontece do lado direito.
O principal fator de risco é a cirrose. Pacientes com cirrose podem desenvolver ascite pela progressão da doença, ou por outros fatores precipitantes, como dieta com muito sal, consumo de álcool, infecção, uso de medicações como anti-inflamatórios não hormonais, e o não uso de diuréticos que podem ter sido recomendados.
Outros fatores de risco de aparecimento de cirrose é a trombose da veia porta e o aparecimento de um tumor no fígado, o hepatocarcinoma.
Aproximadamente 60% dos pacientes com cirrose compensada, desenvolvem ascite dentro de 10 anos da doença. O aparecimento geralmente é devagar, no decorrer de semanas ou meses. O hidrotórax aparece em 5 a 10% dos pacientes cirróticos.
O hidrotórax se apresenta com o aumento do líquido na cavidade torácica. Pode apresentar falta de ar. Pacientes com cirrose podem também ter diversos sintomas associados, como anorexia, emagrecimento pela perda da massa muscular, fraqueza, hemorragia digestiva por varizes de esôfago ou estômago, confusão mental, aranhas vasculares, eritema palmar, esplenomegalia, icterícia, circulação colateral na cicatriz umbilical chamada de cabeça de medusa.
O diagnóstico é através do exame clinico, de exames de sangue e radiológicos.
Exames de Sangue: São comuns alterações dos exames da função do fígado como o TGO, TGP, bilirrubina, fosfatase alcalina, GGT e albumina, dependendo do grau comprometimento do fígado. A presença de baixo níveis de sódio (hiponatremia) é comum. Alteração da função renal, com aumento da creatinina, também pode ser encontrada. Com a deterioração da função hepática, os exames de coagulação como plaquetas e o RNI podem estar alterados.
Exames de Urina: A avaliação de sódio na urina ajuda a determinar o prognóstico e como o paciente irá responder ao tratamento.
Raio X de tórax: Demonstra o líquido no interior da cavidade torácica.
Ecografia: Evidencia o líquido no interior da cavidade torácica. É utilizada também para evidenciar a presença da ascite, cirrose e tumores no fígado.
Tomografia e ou Ressonância: É utilizada para descartar a presença de outras doenças, e assim como a ecografia, demonstra a presença da líquido no interior da cavidade torácica, ascite, cirrose, e possíveis tumores no fígado. O seu médico irá determinar se há necessidade de solicitar um destes exames.
Endoscopia Digestiva Alta: Pacientes com hidrotórax devem ser submetidos a endoscopia para avaliar a possibilidade de varizes de esôfago ou de estômago, devido à cirrose.
Punção do Hidrotórax: Este procedimento é chamado de toracocentese e é similar a uma paracentese. O líquido tem coloração amarelada, transparente. O líquido, quando puncionado, deve ser enviado para análise de contagem de células, cultura, albumina, proteína total, glicose e LDH, entre outros. A contagem das células pode determinar se há infecção associada. Contagem de leucócitos menor do que 500 com predominância de monomorfonuclear (>75%) geralmente não indica infecção. Um número elevado e com predominância de polimorfonuclear, pode indicar infecção.
Pacientes com hidrotórax por cirrose possuem risco aumentado de infecções, insuficiência renal, e menor sobrevida. Podem apresentar infecção deste líquido, processo chamado de empiema pleural.
Pacientes com hidrotórax são tratados semelhante a ascite, e devem ser avaliados para possível transplante hepático, em centros de referência. Muitos pacientes respondem bem como o uso de diuréticos (ex. furosemida e aldaconte) e restrição de sal na dieta. Em pacientes que não respondem ao tratamento clínico, com grande desconforto respiratório, ou na suspeita de infecção, podem ser submetidos à toracocentese, ou seja, retirada do líquido do interior do tórax.
Para pacientes com hidrotórax refratário ao tratamento clínico, pode ser indicado o transplante de fígado, toracocenteses de repetição, ou a colocação de derivação intra-hepática portossistêmica transjugular (TIPS). A colocação de dreno torácico deve ser evitada, pois pode ser um sítio para infecção, e muitas vezes a drenagem de líquido pode ser constante e de grande volume.
A presença de hidrotórax em paciente com cirrose indica descompensação do fígado. Estes pacientes devem ser avaliados em centro especializado para possível transplante de fígado.
Pacientes com cirrose devem ser acompanhados em equipe especializada. Deve-se evitar sal na dieta, e quando indicado, manter diuréticos como a furosemida e o aldactone.