É uma doença no metabolismo do cobre em nosso corpo, levando ao acúmulo de cobre em vários tecidos do corpo, como o fígado e o cérebro.
É uma doença genética autossômica recessiva, devido à mutação do gene ATP7B. Ou seja, a pessoa nasce com a doença. Esta mutação faz com que menos cobre seja eliminado com a bile, causando um excesso de cobre no fígado e no restante do corpo.
É uma doença genética, ou seja, não é adquirida. A pessoa nasce com esta alteração.
A incidência é de 1 para cada 30.000 pessoas, e afeta populações em todo o mundo. Afeta igualmente homens e mulheres, mas mulheres são mais suscetíveis a desenvolver insuficiência hepática aguda, e homens de ter alterações psiquiátricas.
A suspeita de Doença de Wilson deve ser considerada em pacientes como alterações hepáticas, neurológicas e psiquiátricas sem causa definida. Muitos pacientes com hepatite crônica são assintomáticos. O acúmulo de cobre inicia desde o nascimento, mas a idade média para o diagnóstico é de 5 a 35 anos, havendo relato de diagnóstico em pacientes mais jovens e em até de 70 anos.
Com a evolução da doença, os sintomas podem ser muito variados, podendo causar sintomas de doenças no fígado (18 a 55%), no sistema nervoso (18 a 73%) e até alterações psiquiátricas (10 a 100%). Crianças tendem a apresentar mais sintomas hepáticos, enquanto adultos, neurológicos. Os anéis de Kayser-Fleischer são vistos em 60% dos casos, e são detectados em um exame oftalmológico. São anéis escuros (marrons ou verdes) que aparecem na circunferência da íris do olho. O tom escuro é dado pelo acúmulo de cobre.
Dentre os sintomas hepáticos incluem: dor abdominal, icterícia, esteatose, hepatomegalia e sintomas de cirrose (esplenomegalia, ascite, hemorragia digestiva alta, encefalopatia). Aproximadamente 40% dos pacientes já possuem cirrose ao fazer o diagnóstico. Por outro lado, a falência hepática aguda pode ser o primeiro sintoma, principalmente em jovens (até 15% dos pacientes).
Dentre os sintomas neurológicos, destacam-se: disartria (dificuldade de falar), distonia (contração muscular involuntária), tremores, Parkinson, ataxia (perda do equilíbrio ao andar), sialorréia (salivação excessiva), rigidez entre outros. Pacientes com doença de Wilson e sintomas neurológicos, possuem o anel de Kaiser-Fleischer em 90% dos casos.
Dentre os sintomas psiquiátricos, destacam-se: depressão, alteração de personalidade, irritabilidade, impulsividade, labilidade de humor, comportamento inadequado, psicose.
O diagnóstico é realizado através da história clínica e dos exames de sangue. Pacientes que possuem suspeita de Doença de Wilson, devem realizar exames de função hepática, hemograma, coagulograma, nível de ceruloplasmina e cobre no sangue, nível de cobre urinário e exame dos olhos na procura de anéis de Kayser-Fleischer.
Exames de Sangue: Elevação leve a moderada (> 2x) dos exames da função do fígado como o TGO e o TGP e baixos níveis de ceruloplasmina (< que 20mg/dL em 90% dos casos) são os achados mais encontrados. O TGO geralmente é um pouco mais elevado que o TGP. Sinais laboratoriais de cirrose, como plaquetopenia, elevação de bilirrubina, coagulopatia (RNI elevado), hipoalbuminemia também podem ser encontrados. Alguns pacientes podem apresentar exames que sugerem hemólise, com coombs negativo. Anemia com teste de coombs negativo pode ser evidenciado. Outros testes podem ser realizados, como: cobre urinário em 24 horas >100mcg, cobre no sangue baixo e o teste genético para avaliar a mutação do gene ATP7B.
Ecografia: Não ajuda no diagnóstico da doença de Wilson em si. Pode diagnosticar sinais de cirrose, como as alterações no parênquima do fígado, esplenomegalia e circulação colateral.
Tomografia e ou Ressonância: A tomografia e a ressonância abdominal podem demonstrar sinais de cirrose, porém não determina a causa da mesma. A ressonância cerebral, pode demonstrar alterações sugestivas de doença de Wilson.
Biópsia Hepática: A biópsia pode demonstrar acúmulo de cobre.
A progressão da doença pode desenvolver a cirrose, e entre os pacientes com manifestações neurológicas, podem causar distonia, acinesia e tornarem-se mudos. A progressão geralmente é gradual. A maioria dos pacientes falece de complicações da cirrose ou falência hepática aguda, enquanto os demais de doença neurológica progressiva.
O tratamento se baseia na remoção e desintoxicação de todo cobre acumulado e na prevenção de novo acúmulo. Dentre as medicações utilizadas, destacam-se a D-penicilamina, trientina, zinco. Pacientes com doença de Wilson devem evitar alimentos com cobre, como fígado, rins, mariscos, castanhas, frutas secas, ervilhas, chocolates e cogumelos. Em casos de cirrose ou de insuficiência hepática aguda, o transplante de fígado pode ser a única opção.
O prognóstico em pacientes que fazem o tratamento é excelente, mesmo em pacientes com certo grau de comprometimento do fígado e neurológico. Os sintomas melhoram gradualmente com o tratamento. Sem tratamento, todo o paciente vai a óbito, principalmente de doença no fígado. Pacientes que desenvolvem falência hepática aguda falecem em até 95% dos casos, se não houver um transplante.
Não há como evitar, pois é uma doença genética.