Fígado

Hepatite B

O que é

É uma infecção pelo vírus da hepatite B, que pode ser aguda ou crônica, afetando o fígado.

Causa

É uma infecção viral.

Fatores de Risco

O vírus existe no sangue, sémen, secreções vaginais e leite materno de doentes ou portadores assintomáticos. Sua transmissão pode ser realizada por contatos diretos com saliva, sangue ou outros fluidos corporais, através de relações sexuais, transfusão de sangue ou partilha de seringas para injeção de drogas. A transmissão mais comum é através de relação sexual sem proteção. Outra forma de transmissão é através da colocação de piercing e confecção de tatuagens.

Uma mãe pode transmitir para o filho dentro do útero, o que é chamado de transmissão vertical. Porém, em até 20-30% dos casos, não é possível determinar exatamente como é que foi a transmissão do vírus. A transmissão não se dá através de contato físico casual com pessoas contaminadas. O vírus é muito mais resistente e de transmissão muito mais fácil que o HIV

Incidência

Existem mais de 2 bilhões de pessoas que foram infectadas pelo vírus da hepatite B, e destas, 300 milhões de pessoas estão infectadas cronicamente pelo vírus no mundo. A incidência tem diminuído devido aos programas de vacinação. A incidência é maior em países da Ásia, África e Oriente Médio. Nos Estados Unidos, menos de 1% da população é infectada. Ao ano, aproximadamente 600.000 pessoas no mundo, morrem pela hepatite B.

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Sintomas

Na infecção aguda pelo vírus da hepatite B, mais de 75% dos pacientes são assintomáticos. Aproximadamente 90 a 95% dos pacientes melhoram espontaneamente. O primeiro episódio da doença provoca inflamação do fígado, vômitos, icterícia (amarelo dos olhos) e, raramente, morte. Já a hepatite B crônica pode eventualmente causar cirrose ou mesmo câncer. Pacientes portadores de hepatite B podem desenvolver sintomas da cirrose ou desenvolver tumor no fígado, chamado de hepatocarcinoma. Pacientes com hepatite B podem desenvolver outras doenças associadas, como glomerulonefrite e periarterite nodosa.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado através de exames de sangue.

Exames de Sangue: Alteração de exames da função do fígado como o TGO e o TGP pode ser encontrada, principalmente na fase aguda. Geralmente os valores de TGO e TGO são pouco elevados. A bilirrubina também pode se elevar em graus variados, mas geralmente podem indicar que já existe a presença de cirrose. A fosfatase alcalina e o GGT também podem estar pouco elevados.

Sorologia: O exame HBsAg positivo, determina que o paciente possui hepatite B. O Anti-HBsAg indica que possui imunidade. O Anti-HBc total positivo indica que teve contato com o vírus. O Anti-HBc IgM positivo indica que teve contato recente com o vírus. Assim, muitas situações podem acontecer:

  1. Pacientes infectados pela hepatite B e que se curam, apresentam o Anti-HBc total positivo (contato), o HBsAg negativo (sem doença) e o Anti-HBsAg positivo (anticorpo contra a doença).
  2. Pacientes infectados pela hepatite B, e que não se curam, apresentam o Anti-HBc total positivo (contato), o HBsAg positivo (com doença) e o Anti-HBsAg negativos (sem anticorpos contra a doença).
  3. Pacientes que são vacinados para hepatite B, apresentam o Anti-HBc total negativo (sem contato), o HBsAg negativo (sem doença) e o Anti-HBsAg positivo (com anticorpo contra a doença).
  4. Pacientes que apresentam o Anti-HBc total, HBsAg e o Anti-HBsAg negativos, significa que nunca entram em contato com o vírus da hepatite B, e também que não foram vacinados.
  5. Pacientes que apresentam o Anti-HBc total negativo (sem contato), o HBsAg positivo (com doença), e o Anti-HBsAg negativo (sem anticorpos contra a doença), podem ter sido infectados recentemente ou ser um falso positivo para a doença. Nestes casos, se recomenda repetir os exames em 15 dias.
  6. Pacientes que apresentam o Anti-HBc total positivo (com contato), o HBsAg negativo (sem doença) e Anti-HBsAg negativo (sem anticorpos contra a doença), podem ter sido infectados recentemente e estarem na chamada janela imunológica, ou ser um falso positivo para a doença. Nestes casos, se recomenda repetir os exames em 15 dias.

Quando o paciente possui o vírus da hepatite B, o vírus pode se manter repicando, fazendo que outros dois testes se mantenham positivos, o HBe Ag e o HVB-DNA positivos. O HBV-DNA diagnostica de forma quantitativa (número de vírus) e qualitativa (presença do vírus ou não), no sangue. É o melhor marcador existente para acompanhar pacientes infectados cronicamente com a hepatite B. É utilizado para recomendar o tratamento, para acompanhar a resistência viral aos medicamentos.

Ecografia: Não ajuda no diagnóstico da hepatite B. É utilizada para descartar a presença de outras doenças. Pode demonstrar sinais de cirrose, mas não determina a causa da doença.

Fibroscan: Avalia o grau de fibrose do fígado, sem necessidade de biópsia. Mas não determina a causa da fibrose ou cirrose.

Biópsia Hepática: Pode ajudar a determinar o grau de comprometimento de uma doença do fígado, mas também não diagnostica o vírus da hepatite B.

Tomografia e ou Ressonância: Não ajuda no diagnóstico da hepatite B. É utilizada para descartar a presença de outras doenças. Pode demonstrar sinais de cirrose, mas não determina a causa da doença. O seu médico irá determinar se há necessidade de solicitar um destes exames.

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Complicações

A chance de desenvolver cirrose, depende da idade em que a infecção aconteceu. 90% das crianças infectadas ao nascer ou durante o primeiro ano, 30 a 50% entre 1 e 4 anos e 5% em adultos. A hepatite fulminante é rara (1%). Dos pacientes infectados na infância, o risco de mortalidade seja por complicações da cirrose, ou da presença de hepatocarcinoma, chega a 25%.

Tratamento

O tratamento da hepatite B diminui a chance de progredir para insuficiência hepática, cirrose, e de vir a ter um câncer de fígado (hepatocarcinoma). Dentre as medicações disponíveis, temos interferon, lamivudina, adefovir, entecavir, tenofovir. Medicações diminuem a replicação do vírus em até 90%. Porém, o vírus pode sofrer mutações (alterações) e se tornar resistentes a essas drogas.

O tratamento é indicado em pacientes com infecção aguda e em portadores crônicos em que possuem a replicação do vírus e alterações dos exames da função hepática. Pacientes com cirrose ou hepatocarcinoma, podem vir a necessitar de transplante de fígado. O seu médico irá determinar a necessidade e o tipo de tratamento.

Prognóstico

Pacientes infectados pelo vírus B, possuem o exame HBsAg positivo. Estes pacientes podem eliminar o vírus, se tornar HBsAg negativo, e formar o anticorpo contra a hepatite B, o Anti-HBsAg. Porém, 5 a 10% dos pacientes adultos não criam anticorpos, evoluindo para a hepatite crônica e cirrose. A hepatite B pode levar o paciente a uma insuficiência hepática fulminante, o que é muito raro (1%).

Como evitar

A vacinação para hepatite B existe e é muito efetiva. São recomendadas três doses. Crianças que nascem de mães que são portadoras do vírus (HBsAg positivo), devem receber imunoglobulina ao nascer, para diminuir a chance de adquirir o vírus. A contaminação com transfusão de sangue é quase nula atualmente, devido aos testes que são realizados nos doadores. Os exames de screening para hepatite B são o HBsAg, Anti-HBc total e o Anti-HBsAg. Pacientes com hepatite B são orientados a evitar o consumo de álcool, obesidade e tabagismo.

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