É uma infecção pelo vírus da hepatite C, que pode ser aguda ou crônica, afetando o fígado.
É uma infecção viral.
A transmissão se dá através do sangue. O paciente pode possuir história de transfusão, uso de drogas injetáveis e uso de cocaína nasal. Pode ser transmitida através da colocação de piercing e confecção de tatuagens com material não esterilizado. Escovas de dente, lâminas de barbear e manicure podem levar a uma contaminação. O risco de transmissão sexual é extremamente raro, e não totalmente comprovado. Uma mãe não transmite para o filho dentro do útero, porém pode transmitir na hora do parto, mas é infrequente.
A transmissão não se dá através de contato físico com pessoas infectadas. Um acidente com uma agulha contaminada possui uma chance de aproximadamente 3% de transmissão da doença. Aproximadamente 50% dos pacientes infectados desta forma curam da infecção de forma espontânea.
Existem mais de 200 milhões de pessoas que foram infectadas pelo vírus da hepatite C. A incidência é maior em países da Ásia, África e Oriente Médio. Nos Estados Unidos, aproximadamente 1,5% da população é infectada. No Brasil, estima-se que há 1,5 milhões de pessoas com o vírus. É responsável por 70% das hepatites crônicas e 40% dos casos de cirrose no Brasil.
A hepatite C pode causar hepatite aguda e hepatite crônica. Na infecção aguda, a grande maioria é assintomática, raramente causa insuficiência hepática aguda, e geralmente leva a uma infecção crônica. No decorrer de anos, a hepatite C pode causar cirrose ou mesmo câncer, podendo ser necessário um transplante de fígado. A maioria das pessoas que tem hepatite C não sabe, e muita vez descobre em exames de rotina, vários anos depois de ter adquirido o vírus.
O diagnóstico é realizado através de sorologia dos exames de sangue, normalmente indicado em pacientes que possuem alterações nos exames de função hepática.
Exames de Sangue: Alteração de exames da função do fígado como o TGO e o TGP pode ser encontrada. Geralmente os valores de TGO e TGO são pouco elevados. A bilirrubina também pode se elevar em graus variados, mas geralmente podem indicar que já existe a presença de cirrose. A fosfatase alcalina e o GGT também podem estar pouco elevados.
Sorologia: O exame anti-HVC positivo, determina que o paciente possui hepatite C. Quando o paciente possui o vírus da hepatite C, o exame de PCR para HVC (HVC-RNA) diagnostica de forma quantitativa (número de vírus) e qualitativa (presença do vírus ou não), no sangue. É o melhor marcador existente para acompanhar pacientes infectados cronicamente com a hepatite C. É utilizado para recomendar o tratamento, para acompanhar a resposta a medicamentos. Em uma infecção aguda, o Anti-HVC pode ser negativo em até 50% dos casos, devido a não ter dado tempo de formar os anticorpos. Nestes casos, o exame de PCR faz o diagnóstico.
Genotipagem: Existem alguns subtipos de vírus da hepatite C, e esta classificação pode orientar o tratamento e predizer a resposta.
Ecografia: Não ajuda no diagnóstico da hepatite C. É utilizada para descartar a presença de outras doenças. Pode demonstrar sinais de cirrose, mas não determina a causa da doença.
Fibroscan: Avalia o grau de fibrose do fígado, sem necessidade de biópsia. Mas não determina a causa da fibrose ou cirrose.
Biópsia Hepática: Pode ajudar a determinar o grau de comprometimento de uma doença do fígado, mas também não diagnostica o vírus da hepatite C. O grau de fibrose no fígado pode determina se há necessidade ou não de fazer tratamento para a hepatite C.
Tomografia e ou Ressonância: Não ajuda no diagnóstico da hepatite C. É utilizada para descartar a presença de outras doenças. Pode demonstrar sinais de cirrose, mas não determina a causa da doença. O seu médico irá determinar se há necessidade de solicitar um destes exames.
As complicações da hepatite C são cirrose, hipertensão porta, hepatocarcinoma e insuficiência hepática. Pacientes com hepatite C podem apresentar outras doenças associadas, como a crioglobulinemia, glomerulonefrite, porfiria cutânea tarda e doenças autoimunes. Pacientes com hepatite C devem ser avaliados se há presenta de outras doenças, como a hepatite B, hepatite A e o HIV. Vacinação para hepatite A e B é recomendada.
O tratamento tem como objetivo erradicar o vírus, e com isso diminui a chance de mortalidade, cirrose e de vir a ter um câncer de fígado (hepatocarcinoma). Dentre as medicações disponíveis, temos o interferon, ribavirina, daclatasvir, sofosbuvir, simeprevir, ledipasvir, ombitasvir, paritaprevir, ritonavir, entre outros. Estas medicações podem promover o que é chamado de resposta virológica sustentada, ou seja, ausência do vírus em exames de PCR. A ausência do vírus após 24 semanas do tratamento é considerada como cura da hepatite C. Porém, o tratamento possui muitos efeitos colaterais, mas de modo geral bem tolerados pelo pacientes. Pacientes com muitas doenças associadas, como problemas cardiológicos, psiquiátricos, doenças autoimunes, podem não ser candidatos a tratamento medicamentoso.
Pacientes com cirrose ou hepatocarcinoma, podem vir a necessitar de transplante de fígado. Para pacientes com hepatite C, sem cirrose estabelecida, não há uma dieta específica a ser seguida. Porém, o álcool promove a progressão da doença. Em relação a medicações de uso geral, é recomendado evitar anti-inflamatórios. O paracetamol pode ser utilizado se necessário, em uma dose de até 2 gramas ao dia. É recomendado abstinência alcoólica. O seu médico avaliará qual o melhor tratamento. O tratamento da hepatite C deve ser realizado em centros especializados, e estes pacientes devem ter um acompanhamento rigoroso.
A maioria das pessoas com infecção por hepatite C terá a forma crônica. As chances de remover o vírus da hepatite C do sangue com o tratamento habitual é cerca de 50%. Mesmo que o tratamento não remova o vírus, ele poderá reduzir a chance de doença hepática grave. Muitos médicos usam o termo “resposta virológica prolongada”, em vez de “cura”, quando o vírus é removido do sangue porque não se sabe se essa resposta será permanente. Além disso, o transplante de fígado, que se faz necessário em alguns casos, também não garante a cura do paciente.
A vacinação para hepatite C não existe. A contaminação com transfusão de sangue é quase nula atualmente, devido aos testes que são realizados nos doadores. Pacientes com hepatite C são orientados a não compartilhar escova de dente, giletes e material de manicure. A transmissão através de relação sexual é muito rara. Casais com longos relacionamentos não são estimulados a iniciar a usar preservativo. Em todas as relações sexuais com parceiros não fixos, é indicado uso de preservativos para evitar outras doenças. Não utilizar drogas ilícitas.