Fígado

Esteatose e Esteatohepatite

O que é

Dentro da definição de doença hepática gordurosa não alcoólica, temos a esteatohepatite neoalcoólica (ou NASH, do inglês “nonalcoholic steatohepatitis”), onde a presença da esteatose está relacionada a uma inflamação no fígado (hepatite), e temos a esteatose hepática (“fígado gorduroso”). Ambas são caracterizadas pelo acúmulo de gordura no fígado, podendo variar de um simples depósito (esteatose), inflamação (esteatohepatite), até fibrose e cirrose. Importante excluir outras causas de doença hepática e o consumo de álcool para o diagnóstico.

Causa

É o acúmulo de gordura no fígado, podendo ser de causa alcoólica ou não alcoólica (NASH). O consumo diário de bebida alcoólica, uma dose para mulheres e duas para homens, é suficiente para causar lesões no fígado em pacientes suscetíveis.

Fatores de Risco

Os principais fatores de risco são obesidade, acúmulo de gordura intra-abdominal (visceral), diabete mellitus tipo II, e dislipidemia (alteração do colesterol, LDL, HDL e triglicerídeos). Fatores genéticos e históricos familiar de cirrose, diabetes, hipertrigliceridemia, parecem também influenciarem a incidência de esteatose e esteatohepatite.

Incidência

A incidência de esteatose e esteatohepatite tem aumentado mundialmente. Afeta pessoas de todas as idades. A NASH (nonalcoholic steatohepatits) é a causa mais comum de cirrose nos Estados Unidos atualmente. Estima-se que até 18% das pessoas obesas apresentam NASH, e 2,7% das não obesas.

A incidência de esteatose e NASH vem aumentando em crianças. Estima-se que 15% dos pacientes com esteatose progridem para esteatohepatite, e 3 a 4% dos pacientes com esteatose para fibrose, em um período de 10 anos. Dos pacientes com esteatohepatite comprovada por biópsia, estima-se que até 40% progride para fibrose ou cirrose em um período de 10 anos.

Sintomas

A grande maioria dos pacientes são assintomáticos. Podem apresentar sintomas inespecíficos, como fraqueza, cansaço, desconforto ou dor na área do fígado. No exame físico nota-se um aumento da gordura abdominal, hepatomegalia, obesidade, acantose nigricans. Sinais e sintomas de cirrose podem ser evidenciados.

Diagnóstico

O diagnóstico de esteatose e esteatohepatite é de exclusão, ou seja, é importante excluir outras causas de doenças hepáticas. Também é importante diferenciar a esteatose da esteatohepatite. Na esteatose, existe somente um depósito maior de gordura no fígado. A esteatose pode regredir ou persistir durante a vida, sem acarretar um risco maior para o paciente. A esteatohepatite é caracterizada por uma inflamação difusa, com alterações necroinflamatórias na avaliação histológica do fígado (biópsia), podendo evoluir para fibrose, cirrose, e aumento de incidência de hepatocarcinoma. Pacientes com esteatohepatite frequentemente apresentam exames de função hepática alterada.

Exames de Sangue: Em pacientes com esteatose, muitos não possuem alterações laboratoriais. Porém conforme vai surgindo inflamação com a esteatohepatite, os exames podem estar alterados. O TGO e o TGP podem estar duas a cinco vezes o valor normal. Os níveis de GGT e fosfatase alcalina podem estar elevados de sua a três vezes. Bilirrubina, plaquetas, albumina RNI somente estarão elevados em casos de cirrose. A relação entre os níveis de TGO/TGP geralmente < 1, diferente da esteatohepatite alcoólica que frequentemente é > 1,5 -2,0. Níveis de glicose e de triglicerídeos estão frequentemente elevados, enquanto o HDL é diminuído. O teste de tolerância à lactose e os níveis de insulina em jejum podem estar alterados. Níveis de ferritina podem estar elevados em até 50% dos casos.

Exame de Imagem: O fígado se apresenta bem hiperecóico (coloração branca) em relação ao baço. Pode demonstrar hepatomegalia. Pode diagnosticar sinais de outras doenças hepáticas e sinais de cirrose, como alteração dos bordos do fígado, aumento de lobo caudado, esplenomegalia e circulação colateral. A ressonância possui mais vantagens no diagnóstico da esteatohepatite do que a tomografia, pois demonstra o aumento da gordura, e permite a diferenciação de lesões suspeitas de infiltração local por gordura, ou áreas de parênquima normal. Porém nem a ecografia, tomografia ou a ressonância permitem a diferenciação entre esteatose e esteatohepatite.

Biópsia Hepática: A biópsia é o principal exame para diferenciar esteatose de esteatohepatite. Tem importância em diagnosticar o estágio da doença, assim como determinar o prognóstico. A biópsia pode demonstrar macrovesículas de gordura nos hepatócitos , necrose (morte celular) focal, inflamação e lesões chamadas de corpúsculos de Mallory.

 

Complicações

A esteatose é vista como uma condição benigna, porém a esteatohepatite pode progredir para fibrose, cirrose, e aparecimento de hepatocarcinoma. Muitos casos de cirrose que antigamente eram chamados de criptogênicas (sem causa conhecida), hoje vêm sendo atualmente reconhecidas como a NASH a causa. a.

Tratamento

O tratamento pode ser não farmacológico ou farmacológico. Dentre as medidas não farmacológicas destacam-se: perda de peso; ingesta de 1.200 a 1.500 calorias por dia para homens, e de 1.000 a 1.200 para mulheres; atividade física contínua. Dentre as medicações utilizadas, o principal é o tratamento das comorbidades como a diabete mellitus, hiperlipidemia, resistência a insulina, hipertensão, entre outros.

Atualmente não existe uma medicação comprovada que melhore a esteatose e a esteatohepatite. Dentre as medicações utilizadas, mas com resultados controversos, destacam-se: vitamina E, ácido ursodeoxicólico, gemfibrozil, silimarin, N-acetilcisteína, metformina. Em pacientes obesos e com comorbidades, pode ser indicado cirurgia bariátrica.

Prognóstico

Aproximadamente 20% dos pacientes com esteatohepatite podem progredir par cirrose.

Como evitar

Perda de peso, atividades físicas, controle de diabetes, utilização de medicações para colesterol elevado. Pacientes com esteatohepatite devem ser acompanhados por especialistas.

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