Pâncreas

Pâncreas Divisum

O que é

É uma variação da anatomia do pâncreas, em que a pessoa nasce com esta alteração. Aproximadamente 10% da população apresentam alterações congênitas no pâncreas, e destas, a o pâncreas divisum é a mais comum.

pancreasdivisum

Causa

Tem origem embriológica, ou seja, na vida fetal. O pâncreas se origina de dois lugares, o pâncreas ventral e o dorsal, que acabam se unindo, formando o ducto pancreático principal, chamado ducto de Wirsung. Este ducto se junta ao colédoco (canal biliar que traz a bile do fígado), e ambos desembocam na papila duodenal maior (no duodeno). No pâncreas divisum, estes segmentos não se fundem, resultando em um sistema de ductos pancreáticos separados, divididos, que não se comunicam. O pâncreas ventral que é formado pela parte inferior da cabeça e pelo processo uncinado (2 a 20% da massa pancreática), drena para a papila duodenal maior, e o pâncreas dorsal que é formado pelo corpo e cauda (maior parte do pâncreas), drena para a papila duodenal menor. Acredita-se que devido à papila duodenal menor ser muito estreita, pode dificultar a drenagem do ducto dorsal, causando dor e pancreatite, porém isto é controverso.

 

pancreasdivisum_1 pancreasdivisum_1

Fatores de Risco

Não há fatores de risco. A pessoa nasce com essa alteração

Incidência

Em autópsias, pode ser encontrado em até 7% das pessoas.

Sintomas

A maioria dos pacientes (95%) é assintomática. A literatura é controversa se o pâncreas divisum é associado a uma maior incidência de pancreatite aguda ou não. O argumento contra, é que a incidência de pâncreas divisum em pacientes com ou sem pancreatite, é a mesma. Porém, outros estudos demonstram que até 60% dos pacientes com pâncreas divisum e dor abdominal por pancreatite, melhoram com esfincteroplasita (abertura do local aonde o ducto do pâncreas desemboca no intestino). Alguns pacientes apresentam dor abdominal, náuseas, distensão, mesmo sem episódios de pancreatite, mas é difícil determinar exatamente a causa.

Diagnóstico

O diagnóstico na maioria das vezes é feito de forma incidental, em exames realizados para investigar dor abdominal. Pode se apresentar com sintomas de pancreatite aguda. Pacientes com pancreatite aguda de causa indeterminada, o pâncreas divisum pode ser a causa.

Exames de Sangue: Todos os exames, inclusive amilase e lipase do pâncreas são normais, exceto na presença de pancreatite aguda.

Raio X, Ecografia e Tomografia: Não fazem o diagnóstico de pâncreas divisum. Podem demonstrar sinais de pancreatite aguda, ou de outras doenças pancreáticas.

Ressonância: A ressonância permite uma melhor visualização dos ductos do pâncreas, visualizando a presença do pâncreas divisum, em que o ducto dorsal drena para a papila duodenal menor, e o ducto ventral para a papila duodenal maior. Pode evidenciar a presença de cálculos e calcificações, tumores, atrofia, cistos e sinais de pancreatite.

Ultrassonografia Endoscópica: Consiste em uma endoscopia associada a uma ecografia que é feita por dentro do seu estômago. Pode auxiliar a determinar se existe pâncreas divisum.

Colangiografia Endoscópica Retrógrada: consiste em realizar uma endoscopia e localizar o local aonde o canal do pâncreas (Wirsung) desemboca no intestino (duodeno). Após localizar esta abertura, é possível através de injeção de contraste, evidenciar o canal biliar (colédoco) e o pancreático (Wisung). Assim é possível avaliar se há pâncreas divisum. Este exame é pouco utilizado, pois a ressonância magnética é um exame menos invasivo, e pode determinar o diagnóstico.

Complicações

As complicações são raras, sendo mais comum a pancreatite aguda.

Tratamento

Não requer tratamento. De acordo com os sintomas e história de pancreatite de repetição, pode ser indicado a realização de papilotomia endoscópica retrógrada. Consiste em localizar a papila duodenal menor, e, após localizar esta abertura, abri-la de forma a melhorar a drenagem do suco pancreático. Pode ser colocado stents para facilitar a drenagem em casos selecionados.

Prognóstico

É uma doença benigna, com ótimo prognóstico.

Como evitar

Não existem recomendações para evitar o aparecimento de pâncreas divisum, visto que é congênito, ou seja, nascemos ou não com esta alteração.

Compartilhe