Vias Biliares

Colangite Aguda

O que é

É uma infecção dos canais biliares, caracterizada por febre, icterícia e dor abdominal. Também é chamada de colangite ascendente, pois muitas vezes as bactérias que causam a infecção vêm do intestino. Pode ser grave.

Causa

É causada por uma infecção bacteriana em um paciente que possui obstrução dos canais biliares. Estas bactérias sobem pelo duodeno, local aonde o canal biliar (colédoco) desemboca. A infecção vindo de forma hematogênica (pelo sangue), não é comum.

Fatores de Risco

O principal fator de risco para desenvolver colangite aguda é a obstrução e a estase da bile.

Incidência

A causa mais comum de obstrução, em 30 a 70% dos casos, é a coledocolitíase, que são cálculos no dos canais biliares. Os cálculos podem funcionar como um local para a colonização de bactérias. Na maioria dos casos são provenientes da vesícula biliar. Outras causas de obstrução, como estenoses benignas (5 a 25%) e malignas (10 a 50%) também podem causar colangite. Próteses biliares (stents colocados no interior dos canais biliares) e procedimento realizados nas vias biliares, como a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE), ou a colangiografia transparietohepática também podem causar colangite aguda em até 20% dos casos.

Sintomas

A apresentação clássica é de febre, icterícia (pele de cor amarelada) e dor abdominal (tríade de Charcot). Aproximadamente 50 a 70% dos casos possuem os três sintomas ao mesmo tempo. A colangite pode ter uma apresentação muito rápida, levando a uma infecção grave, com hipotensão e confusão mental (Pêntade de Reynold). O exame físico pode evidenciar a icterícia (60 a 70%), calafrios e dor no lado superior direito do abdômen (hipocôndrio direito) e região do estômago (epigástrio).

Diagnóstico

O diagnóstico na maioria das vezes é feito através da história clínica, de exames laboratoriais e de uma ecografia.

Exames de Sangue: Alteração do hemograma evidenciam sinais de infecção, com aumento de leucócitos, com predomínio de neutrófilos e bastonetes. Os exames da função do fígado sugerem que ha obstrução da via biliar, com aumento do TGO, TGP, fosfatase alcalina, GGT e bilirrubina, predominantemente da conjugada. Amilase e lipase podem estar aumentados, sugerindo pancreatite associada. Exames de resposta inflamatória, como o VHS e proteína C reativa estão elevados.

Ecografia: É o método mais utilizado para o diagnóstico. Na ecografia pode demonstrar dilatação dos canais biliares, sendo algumas vezes possível visualizar o causa da obstrução. O diâmetro considerado normal de um colédoco é de até 6 mm. Em pacientes mais idosos, o colédoco normal pode ter um diâmetro maior. Pacientes já submetidos à colecistectomia podem apresentar colédoco dilatado, de até 10 mm, sem necessariamente apresentar obstrução por cálculos.

Tomografia e ou Ressonância: Dentre estes, a ressonância permite uma melhor visualização de obstrução das vias biliares do que a tomografia, principalmente se for realizada com contraste específico para o fígado (colangiorressonância). Demonstra o local da obstrução, a dilatação dos canais biliares, a causa da mesma e sinais de colangite. É um método não invasivo.

Ultrassonografia Endoscópica: Consiste em uma endoscopia associada a uma ecografia que é feita por dentro do seu estômago. Pode auxiliar a determinar a causa da obstrução. Raramente é indicada na colangite aguda, pois é uma situação de emergência.

Colangiografia Endoscópica Retrógrada: Consiste em realizar uma endoscopia e localizar o local aonde o canal da bile (colédoco) desemboca no intestino (duodeno). Após localizar esta abertura, é possível através de injeção de contraste, evidenciar o local e a causa da obstrução nos ductos biliares. Este exame permite o diagnóstico e ao mesmo tempo o tratamento da colangite aguda, através da remoção de cálculos, e quando não é possível, introdução de próteses pela obstrução para permitir a drenagem biliar. Por ser um procedimento invasivo, não é isento de riscos.

Complicações

Aproximadamente 80% dos pacientes com colangite aguda respondem ao tratamento clínico inicial, com antibioticoterapia. A drenagem dos canais biliares deve ser feita dentro de 24 a 48 horas, dependendo do estado clínico do paciente. Dentre as complicações estão a infecção generalizada (sépsis) e óbito, mais comuns em pacientes idosos.

Tratamento

O tratamento inicial consiste na administração de antibióticos, hidratação, hemocultura (cultura do sangue) e todo suporte clínico necessário. Em seguida, é necessário de alguma forma estabelecer uma drenagem para a bile. A realização de colangiografia endoscópica retrógrada (CPRE) permite o diagnóstico e o tratamento da obstrução, com colocação de próteses se necessário, o que deve ser feito de forma urgente. Quando não há CPRE disponível, pode ser necessária colocação de uma dreno dentro dos canais biliares através da parede abdominal, procedimento chamado de colangiografia transparietohepática. Cirurgia de emergência nestes casos pode ser necessária, mas é associada com maiores taxas de complicações e de mortalidade, chegando de 10 a 50%.

Prognóstico

A mortalidade da colangite aguda depende de vários fatores, mas pode chegar até 10%. Importante ter disponível todas as formas de tratamento para diminuir a morbidade e a mortalidade.

Como evitar

Pacientes com colelitíase devem ser submetidos a retirada da vesícula biliar para evitar novas complicações. Em pacientes com estenoses benignas do canal biliar, devem ser submetidos a tratamento endoscópico ou cirúrgico destas obstruções. Pacientes com estenoses malignas, em que cirurgia é contraindicada, os stents colocados devem ser constantemente reavaliados para prevenir uma oclusão do mesmo.

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