Esfíncter de Oddi: É um músculo que envolve a junção dos ductos colédoco e pancreático, antes de desembocarem no duodeno.
Disfunção do Esfíncter de Oddi: Síndrome caracterizada por obstrução dos ductos biliares ou do ducto pancreático, devido a uma disfunção deste esfíncter. Uma maior pressão é observada neste esfíncter.
A disfunção pode ser devido a uma excessiva contração ou a estenose do esfíncter, causando sintomas semelhantes. A estenose é devido a um estreitamento, frequentemente devido a um processo inflamatório prévio, como pancreatite aguda, passagem de cálculos biliares pela papila, infecção e trauma pós colangiopancreatografia endoscópica retrógrada.
Dentre os fatores de risco para desenvolver disfunção do esfíncter destacam-se: história prévia de pancreatite aguda; passagem de cálculos biliares pela papila; infecção; trauma pós colangiopancreatografia endoscópica retrógrada; colecistectomia prévia. Porém, pacientes submetidos à colecistectomia raramente possuem disfunção do esfíncter de Oddi (menos de 1%).
É mais comum mulheres.
Dor tipo biliar, podendo apresentar náuseas, vômitos e sudorese. O exame físico é normal. A dor biliar apresenta as seguintes características: em cólica ou contínua, forte intensidade, comumente na região do estômago, lado superior direito do abdômen, podendo ser irradiada para as costas; duração de no mínimo 30 minutos; aumenta gradativamente até um determinado nível; é recorrente, mas não diária; leva a interromper o sono ou trabalho, podendo o paciente ir a um serviço de emergência; não melhora como evacuação, antiácidos ou com movimentação. Podem apresentar náuseas e vômitos.
Tipo I: Dor biliar, anormalidades de testes da função hepática e dilatação do ducto hepático comum.
Tipo II: Dor biliar associada a anormalidades de testes da função hepática ou dilatação do ducto hepático comum.
Tipo III: Dor biliar, sem anormalidades de testes da função hepática e ducto hepático comum de tamanho normal.
O diagnóstico e difícil de ser realizado. A suspeita existe quando o paciente apresenta dor biliar, dilatação de ducto colédoco e alteração dos exames de função hepática.
Exames de Sangue: Alterações de exames da função do fígado, como TGO, TGP e fosfatase alcalina podem ser encontradas durante as crises de dor. Amilase e lipase são normais, exceto quando há pancreatite associada (disfunção pancreática do esfíncter de Oddi).
Ecografia: Na maioria das vezes é normal. Pode apresentar discreta dilatação das vias biliares (≥10mm).
Tomografia, Ressonância e Endoscopia: Não ajudam no diagnóstico. Utilizados para excluir outras doenças.
Manometria do Esfíncter de Oddi: Consiste medir a pressão do esfíncter (normal abaixo de 40 mmHg), através da realização da colangiopancreatografia endoscópica retrógrada. Evidencia um aumento da pressão, o que causa a obstrução da drenagem da bile pelos canais biliares. Este exame não é isento de complicações, como pancreatite aguda vista em 5% dos pacientes. Quando a manometria é realizada em conjunto com a esfincterotomia, pancreatite aguda pode ser vista em até 25 % dos casos, mas a maioria é de leve intensidade. Alteração na manometria do Esfíncter de Oddi são vistas em 60 a 90% nos pacientes tipo I, 50 a 60% no tipo II, e 10 a 60% % no tipo III. Este assunto ainda é controverso na literatura mundial.
Cintilografia com estimulação da vesícula biliar: Consiste em administrar via endovenosa um marcador que é excretado pelo pela bile (DISIDA ou HIDA). Após 45 a 90 minutos, uma substância chamada colecitoquinina, que estimula a contração da vesícula biliar, é administrada de forma endovenosa. Utilizada para diagnosticar distúrbios da motilidade da vesícula biliar. Em pacientes colecistectomizados, pode avaliar de forma sem quantitativa o tempo de esvaziamento da via biliar. Não faz o diagnóstico de alterações no esfíncter de Oddi.
Ultrassonografia Endoscópica: Não ajuda no diagnóstico. Utilizados para excluir outras doenças.
São infrequentes. Pode desencadear dores biliares ou pancreatite aguda recorrente de causa desconhecida (em até 30%).
Consiste na realização de colangiografia endoscópica retrógrada com esfincterotomia do esfíncter de Oddi.
Pacientes do tipo I, e excluídas outra causas de dor abdominal, podem ser diretamente encaminhados para esfincterotomia, visto que a maioria dos pacientes apresentam alterações na manometria. Pacientes tipo II podem ser inicialmente encaminhados para manometria do esfíncter de Oddi, e alguns serviços recomendam a esfincterotomia sem necessidade de manometria prévia. Em pacientes tipo III indica-se incialmente tratar incialmente com antiespasmódicos, antiácidos, bloqueadores de canais de cálcio (nifedipina), nitratos e antidepressivos. Podem ser encaminhados para manometria, mas é prudente avaliar se a dor não é devido a outras doenças, como dispepsia. Pacientes com pancreatite aguda idiopática recorrente podem ser avaliados através de manometria do esfíncter de Oddi e, se a pressão for elevada (>40 mmHg), pode ser realizada a esfincterotomia.
Colangiografia Endoscópica Retrógrada: consiste em realizar uma endoscopia e localizar o local aonde o canal da bile (colédoco) desemboca no intestino (duodeno). Após localizar esta abertura, é possível através de injeção de contraste, evidenciar o local e a causa da obstrução nos ductos biliares. Este exame permite a realização de esfincterotomia (abertura do esfíncter de Oddi). Em pacientes com disfunção tipo I, é o tratamento de escolha. Se a pressão no esfíncter é maior que 40 mmHg, a esfincterotomia pode beneficiar alguns pacientes.
É uma doença benigna, com complicações mais severas muito raras. O paciente pode apresentar pancreatite aguda de causa desconhecida.
Colelitíase, coledocolitíase, distúrbios de motilidade da vesícula biliar, doença do refluxo, espasmo de esôfago, dispepsia, gastrite, úlceras, síndrome do intestino irritável, cálculos renais, infarto agudo do miocárdio, pancreatite aguda ou crônica, hepatite.
Não existem recomendações para evitar o aparecimento de pedras. Pacientes com colelitíase podem apresentar sintomas ao ingerir comida gordurosa. Pacientes com colelitíase devem ser submetidos à retirada da vesícula biliar para evitar complicações, desde que haja condições clínicas do paciente para cirurgia.