Vias Biliares

Síndrome de Mirizzi

O que é

É a obstrução do canal biliar (ducto hepático comum ou colédoco), causada por uma pedra localizada no interior da vesícula biliar (colelitíase). A obstrução acontece devido à compressão que o cálculo faz na via biliar.

Causa

Uma pedra na vesícula de grande tamanho pode comprimir o ducto hepático comum, ou inflamação local recorrente da vesícula que leva a obstrução do canal biliar por contiguidade.

Fatores de Risco

Presença de pedras na vesícula, principalmente de grande tamanho.

Incidência

É estimado de ser encontrado em 0,7 a 1,8% dos pacientes submetidos à colecistectomia.

Classificação

Tipo I – Obstrução do ducto hepático comum ou colédoco devido a um grande cálculo impactado na saída da vesícula (infundíbulo) ou no interior do ducto cístico (ducto que comunica a vesícula biliar com o ducto hepático comum). Tipo II – Presença de uma comunicação anômala entre a vesícula e o ducto hepático comum, devido à erosão do cálculo que estava impactado no interior da vesícula ou do ducto cístico. É conhecida como fístula bilio-biliar. Existem outras classificações mais específicas dentro da área cirúrgica, aonde se classifica como tipo II quando o cálculo obstrui menos de um terço da luz do ducto hepático, tipo III mais de dois terços, e do tipo IV, obstruindo completamente o ducto hepático.

Sintomas

Os pacientes apresentam icterícia. Podem apresentar história de dor abdominal recorrente e febre. A combinação de icterícia, dor e febre, caracteriza que há obstrução da via biliar com infecção associada, o que chamamos de colangite.

Diagnóstico

O diagnóstico na maioria das vezes é feito antes de uma cirurgia de vesícula, através de uma ecografia.

Exames de Sangue: Alteração de exames da função do fígado evidenciando sinais de obstrução biliar são encontrados, como aumento de bilirrubina, fosfatase alcalina, gama GT, TGO e TGP em até 90% dos pacientes.

Ecografia: Pode diagnosticar a obstrução da via biliar (Canais biliares dilatados), assim com a presença de um cálculo na vesícula biliar ou no ducto cístico, causando a obstrução. Pode demonstrar uma vesícula biliar contraída com cálculo, associada a uma obstrução biliar.

Tomografia e/ou Ressonância: são indicadas quando existe alguma dúvida diagnóstica ou para avaliar a possibilidade de malignidade. A ressonância pode demonstrar mais detalhes em relação à obstrução.

Endoscopia: não visualiza o tumor, mas o paciente pode apresentar achados inespecíficos comuns vistos em pacientes doentes, como gastrite, esofagite.

Colangiografia: Geralmente é realizada de forma endoscópica retrógrada. Consiste em realizar uma endoscopia e localizar o local aonde o canal da bile (colédoco) desemboca no intestino (duodeno). Após localizar esta abertura, é possível através de injeção de contraste, evidenciar o local e a causa da obstrução nos ductos biliares. Este exame permite o tratamento da obstrução das vias biliares, quando há infecção ou não, através da introdução de próteses. Pode ser utilizado como método diagnóstico e terapêutico, para diminuir o nível de bilirrubina antes de uma intervenção cirúrgica. Mais raramente pode ser realizada a coloangiografia de forma transparietohepática.

Complicações

A complicação mais comum é a colangite, caracterizada por infecção da bile devido à obstrução.

Tratamento

O tratamento é cirúrgico, podendo ser realizado por laparoscopia ou através de incisão convencional (mais comum). Consiste na remoção da vesícula biliar e do cálculo que está causando a obstrução. Caso o local do ducto hepático comum esteja com lesão, pode ser necessário a realização de uma nova conexão entre o canal da bile e o intestino, chamada de anastomose biliodigestiva. Na presença de colangite, ou em pacientes sem condições cirúrgicas, a desobstrução da via biliar pode ser realizada através de introdução de próteses colocadas por colangiografia endoscópica retrógrada ou de forma transparietohepática.

Prognóstico

A Síndrome de Mirizzi pode ser confundida com câncer local, causando a obstrução, mas não há dados para confirmar que esta síndrome leva ao câncer. O contrário também é verdadeiro, o câncer de vesícula biliar não desencadeia a Síndrome de Mirizzi.

Como evitar

Pacientes que apresentam pedras na vesícula por muitos anos podem vir a desenvolver Síndrome de Mirzzi em 0,7 a 1,8%. Pacientes com pedras na vesícula que possuem condições cirúrgicas, devem ser submetidos a colecistectomia.

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