Cirurgia para remover o tumor: É o tratamento de escolha em pacientes que não possuem cirrose. Em pacientes com cirrose não avançada, pode ser indicado o tratamento cirúrgico. Consiste em retirar o tumor através de cirurgia aberta (convencional) ou de cirurgia laparoscópica, com uma pequena porção de tecido normal em volta do tumor. A cirurgia laparoscópica é associada a menos dor, menor tempo de internação, e vantagem estética. Tem sido realizadas cirurgias para os mais diversos tipos de câncer, e inclusive para câncer de fígado e de pâncreas.
Técnicas para aumentar a ressecabilidade: Devido o grande potencial do fígado em regenerar, e os grandes avanços da quimioterapia, é possível tornar um câncer de fígado, que inicialmente era irressecável em ressecável. Pacientes com tumores espalhados em todas os segmentos do fígado, podem ser tratados de forma multidisciplinar. Dentre as técnicas utilizadas, destacam-se ablação de tumores, embolização de veia porta, bipartição hepática.
Embolização da Veia Porta: É indicada para aumentar a possbilidade de ressecção de um câncer no fígado. A embolização da veia porta pode ser realizada antes ou durante uma cirurgia. O princípio desta técnica é que 80% do sangue que entra no fígado vem pela veia porta, e 20% pela artéria hepática. É possível interromper o fluxo na veia porta em um dos lados do fígado sem maiores complicações. Consiste em interromper o fluxo sanguíneo de um dos ramos da veia porta, do lado do fígado em que se encontra o tumor. Isto faz com que o lado contralateral sem tumor, receba mais sangue, e, mesmo que seja de pequeno tamanho, aumenta o seu volume um prazo de 4 a 6 semanas. Em seguida retira-se o lobo hepático acometido pelo câncer, com diminuição do risco de falência do fígado devido ao aumento do tamanho do fígado residual. Quando o volume de fígado residual é menor do que 25%, ou < que 8% do peso corporal do paciente, o risco de insuficiência hepática é maior. Isto permite ressecção de grandes tumores no fígado, e aumenta a margem de fígado livre de tumor durante a cirurgia.
Em um segundo tempo, é realizada a embolização de uma veia por onde passa 80% do sangue para o fígado, do lado contralateral. O lado do fígado sem lesões, apresenta um aumento do tamanho devido a regeneração do fígado. Em seguida, em outra cirurgia é ressecado o lado remanescente com tumor.
Transplante de Fígado: É o tratamento de escolha na maioria dos pacientes que possuem hepatocarcinoma (tumor primário do fígado) e que possuem cirrose. O transplante permite retirar o fígado doente, com cirrose, que possui uma predisposição a formar novos tumores, e ao mesmo tempo, tratar o câncer do paciente. Infelizmente, nem todos os pacientes podem ser transplantados, e isto é definido por uma lei brasileira (Portaria nº 1.160, de 29 de maio de 2006). Pacientes com um único hepatocarcinoma de até 5 cm, ou até 3 tumores, sendo que nenhum maior do que 3 cm, podem ser transplantados. Outra indicação são pacientes com tumores neuroendócrinos confinados ao fígado,
Ablação: Existem vários métodos de destruir o tumor através de ablação. São realizadas por profissionais que possuem a capacidade de introduzir uma agulha no meio do tumor, de forma precisa, guiados por ecografia ou tomografia. A ablação pode ser realizada de forma percutânea (pela pele), cirurgia convencional ou por cirurgia laparoscópica.
Para a ablação, podem ser utilizados métodos químicos (como o álcool) ou métodos físicos (como a radiofrequência, crioablação e micro-ondas). A injeção de álcool no tumor pode ser utilizada em lesões pequenas (< 3 cm), mas esta forma de tratamento tem sido substituída por outras terapias de ablação. A radioablação é utilizada em pacientes com tumores menores do que 5 cm (o ideal é menor que 3 cm), e consiste em destruir o tumor através de uma corrente de energia elétrica. A crioablação é semelhante à radioablação, e consiste em destruir o tumor através da injeção de nitrogênio líquido.
Quimioembolização: A quimioembolização é um método de tratamento localizado que consiste na combinação de dois tipos de terapia: a embolização e a quimioterapia. Consiste na injeção de agente quimioterápico diretamente no tumor, através da artéria que nutre o tumor, seguido de oclusão deste vaso sanguíneo para que não chegue mais sangue no tumor, e assim evitar o seu crescimento. A sua artéria femoral (na virilha) é puncionada e um cateter é colocado. Este cateter é direcionado para realizar um mapeamento das artérias que nutrem o seu tumor. Em seguida é administrado doses concentradas de um quimioterápico (medicação de quimioterapia) seguido de oclusão do vaso sanguíneo que nutre o tumor. Em pacientes com tumores de grande tamanho, pode ser utilizado esta técnica para diminuir o seu tamanho e possibilitar um transplante hepático.
Radioembolização: Consiste em utilizar radioterapia seletiva, administrada por via intra-arterial (na artéria que nutre o tumor). São administradas milhões de pequenas esferas radioativas, designadas microesferas, diretamente no tumor, com o objetivo de destruir e diminuir o tamanho do tumor. Pode ser utilizada em pacientes não elegíveis para remoção cirúrgica. Os efeitos colaterais incluem fatiga, náusea e vômitos.
Quimioterapia: Quimioterapia é a utilização de medicações potentes que destroem as células cancerígenas em nosso corpo. Podem ser administradas pelo sangue ou via oral. Dependendo da situação clínica do paciente, a quimioterapia pode ser administrada antes (neoadjuvante) e ou após (adjuvante) o tratamento cirúrgico. O uso de quimioterapia antes da cirurgia pode fazer com que um tumor que não pudesse ser ressecado se torne ressecável. Muitos tipos de medicações podem ser utilizados, isoladamente ou em conjunto, dependendo do caso do paciente e do tipo de tumor. Novas drogas quimioterápicas possuem a capacidade de interferir na habilidade do tumor de formar novos vasos, e assim bloquear o seu crescimento.
Radioterapia: No tratamento com radioterapia o paciente recebe a radiação que atinge e destrói o tumor. Na radioterapia convencional, a radiação que atinge o tumor é emitida por um aparelho fora do corpo do paciente, podendo também atinge todas as estruturas (tecidos e órgãos) que estiverem no trajeto do feixe de radiação até o tumor.
Braquiterapia: é uma forma de radioterapia na qual a fonte de radiação é colocada junto ao tumor, liberando doses de radiação diretamente sobre ele, afetando ao mínimo os órgãos mais próximos.
Radiocirurgia: é um procedimento não invasivo que permite o tratamento de tumores benignos e malignos no cérebro. A localização do tumor é feita de forma tridimensional, e a radiação é realizada de forma precisa, somente no tumor, afetando de forma mínima o tecido ao redor.
Drenagem da via biliar: A drenagem da via biliar é utilizada quando o paciente apresenta icterícia obstrutiva, ou seja, a bile não passa pelos canis devido a uma obstrução, acumulando no fígado e em seguida em todo o corpo. Pode ser indicada em obstruções de causas benignas (estenoses) ou malignas. Pode ser utilizada antes de cirurgia, para diminuir o nível de icterícia do paciente e tornar uma cirurgia mais segura devido ao funcionamento melhor do fígado remanescente. Também é utilizada de forma paliativa, somente para desobstruir a via biliar, em casos de canceres avançados. O melhor método de colocação de stents, por endoscopia ou de forma percutânea transhepática é controverso. Em geral, inicia-se a colocação de forma endoscópica, e, caso não haja resultado, é colocado de forma percutânea.