Quimioterápicos mais utilizados em câncer do fígado

5-flurouracil: Esta medicação é frequentemente utilizada em combinação com a oxaliplatina (FOLFOX) ou com o irinotecano (FOLFIRI) no tratamento de tumor de cólon com metástases hepáticas. Também utilizado no tratamento de colangiocarcinoma.

Oxaliplatina: Esta medicação é frequentemente utilizada em combinação com o 5-flurouracil (FOLOX) no tratamento de tumor de cólon com metástases hepáticas. Também utilizado em alguns serviços no tratamento de colangiocarcinoma. A oxaliplatina pode causar lesão sinusoidal (dilatação de sinusóides do fígado), o que pode conferir uma coloração azulada ao fígado. Dentre os efeitos colaterais destacam-se a neuropatia (amortecimento de mãos e pés), cansaço, náuseas, vômitos, diarreia, redução da contagem de células brancas (leucócitos) do sangue com maior risco de infecção, diminuição da audição e hipopotassemia (potássio baixo no sangue).

Irinotecano: Esta medicação é frequentemente utilizada em combinação com o 5-flurouracil (FOLFIRI) no tratamento de tumor de cólon com metástases hepáticas. Dentre os efeitos colaterais destacam-se diarreia, náuseas e vómitos, redução da contagem de células brancas (leucócitos) do sangue com maior risco de infecção, cabelos ralos ou perdas, dor de barriga, perda de apetite e fraqueza. Menos frequentemente podem aparecer feridas na boca ou nos lábios, prisão de ventre, febre, calafrios, tontura, erupção cutânea, e exames de sangue da função do fígado alterados, que sugerem que a droga está afetando o fígado. O seu uso pode causar esteatohepatite, principalmente em pacientes obesos, o que pode aumentar a mortalidade pós-operatória.

Leucovorin: É um complexo vitamínico derivado de ácido fólico, o ácido folínico, que aumenta a efetividade de outra droga quimioterápica, o 5-fluorouracil (5-FU) e o metotrexato. Ele é injetado na veia, antes do 5-FU. O leucovorin por si não destrói a célula cancerígena e não possui efeitos colaterais. Uma vez que ele aumenta a potência do 5-FU, a sua utilização pode aumentar os efeitos colaterais desta droga. Vem sendo utilizado no tratamento de metástases de tumor colorretal e colangiocarcinoma

Cetuximab (Erbitux): É um anticorpo (um tipo de proteína), que se liga a uma estrutura específica (denominada antígeno), o EGFR (receptor de crescimento epidérmico), que existe na superfície de determinadas células tumorais. Após esta ligação, as células tumorais deixam de conseguir receber as mensagens necessárias ao seu crescimento, progressão e propagação (metastização). Pode ser utilizado em combinação com outros esquemas de quimioterapia, como FOLFOX ou FOLFIRI. O Erbitux pode ser utilizado em doentes cujas células tumorais possuem o EGFR na sua superfície, e que contêm um gene selvagem (sem mutações) denominado “KRAS”. Os efeitos secundários mais frequentes (observados em mais de 1 em cada 10 doentes) são reações cutâneas como erupção cutânea, hipomagnesemia (baixos valores de magnésio no sangue), reações ligeiras ou moderadas associadas à perfusão (tais como febre, calafrios, tonturas e dificuldades respiratórias), mucosite (inflamação do revestimento da boca) e o aumento dos níveis de algumas enzimas hepáticas. Foram observadas reações cutâneas em mais de 80% dos doentes.

Bevacizumab (Avastin): É um anticorpo (um tipo de proteína) que se liga a uma estrutura específica (denominada antígeno), o VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) uma proteína que se encontra em circulação no sangue e que promove o crescimento dos vasos sanguíneos. Ao ligar-se ao VEGF, o Avastin impede-o de ter efeito. Como resultado, as células cancerosas não conseguem desenvolver o seu próprio fornecimento de sangue e é privadas de oxigénio e de nutrientes, o que ajuda a abrandar o crescimento dos tumores. Pode ser utilizado em combinação com outros esquemas de quimioterapia, como FOLFOX ou FOLFIRI. Os efeitos secundários mais frequentes associados ao Avastin são hipertensão (pressão arterial elevada), fadiga ou astenia (fraqueza), diarreia e dor abdominal. Os efeitos secundários mais graves são perfurações gastrointestinais (orifícios no intestino), hemorragias (sangramentos) e tromboembolismo arterial (coágulos sanguíneos nas artérias). Dependendo de marcadores genéticos encontrados nas células tumorais, alguns pacientes podem ter benefício do uso desta medicação.

Sorafenibe (Nexavar): É um inibidor de enzimas específicas, conhecidas como proteínas quinases, que estão presentes na superfície das células cancerígenas. Estes receptores estão envolvidos no crescimento e disseminação das células cancerígenas, bem como nos vasos sanguíneos que alimentam os tumores, onde participam no desenvolvimento de novos vasos sanguíneos. Ao bloquear estas enzimas, o Nexavar pode reduzir o crescimento das células cancerígenas, bem como cortar o fornecimento de sangue que mantém o crescimento destas células. Em um estudo em pacientes com hepatocarcinoma avançado, os doentes que tomaram Nexavar sobreviveram durante uma média de 10,7 meses, em comparação com 7,9 meses nos doentes que receberam o placebo (sem medicação). Os efeitos secundários mais frequentes (observados em mais de 1 em cada 10 doentes) foram linfopenia (níveis baixos de linfócitos, um tipo de glóbulo branco), hipofosfatemia (níveis baixos de fosfato no sangue), hemorragia, hipertensão arterial, diarreia, enjoos, vômitos, erupção cutânea, perda de cabelo, “síndrome mão-pé” (erupções e dor nas palmas das mãos e nas plantas dos pés), eritema (vermelhidão), coceira, cansaço, dores e um aumento dos níveis de amilase e lipase (enzimas produzidas pelo pâncreas).

Octreotide (Somatostatina): É um peptídeo (proteína) que inibe o hormônio de crescimento, glucagon e insulina, de forma mais potente do que a somatostatina. É um agente biológico utilizado no tratamento de tumores neuroendócrinos ou carcinoides. Os efeitos colaterais mais frequentes (mais de 10% dos pacientes) são dor de cabeça, hipotireoidismo, arritmia cardíaca, alterações intestinais (cólicas, náuseas, vômitos, diarreia, constipação), pedra na vesícula, hiperglicemia ou hipoglicemia (aumento ou diminuição de açúcar no sangue).

Capecitabina (Xeloda): É um quimioterápico administrado via oral que é transformado em 5-fluorouracil no tumor através da ação de algumas enzimas. Esta conversão é superior nas células tumorais em relação à conversão nos tecidos normais. Na célula tumoral ele é citotóxico, ou seja, ele mata as células que se dividem, como a células tumorais. Produz poucos efeitos colaterais (observados em mais de 1 em cada 10 doentes), como perda de apetite, cansaço, fraqueza, diarreia, vómitos, enjoos, feridas na boca (estomatite), dor na barriga, eritrodisestesia palmar-plantar (síndroma pé-mão), uma reação da pele dos pés e das mãos acompanhada de erupção cutânea e dor. Não é associada à perda de cabelo. Também utilizado no tratamento de colangiocarcinoma.

Mitomicina C

Gencitabina: Pode ser utilizada no tratamento do colangiocarcinoma. Como efeitos colaterais destacam-se náuseas, vômitos, hepatotoxicidade, imunossupressão, e sintomas pulmonares.