É uma doença hereditária que pode afetar vários órgãos e sistemas. Os principais órgãos afetados são o fígado e os pulmões, podendo causar cirrose e enfisema pulmonar.
É uma doença genética devido à mutação do gene 14q32.1, localizado no cromossomo 14. Ou seja, a pessoa nasce com a doença. Como a herança genética vem do pai e da mãe, com genes provenientes de ambos, pacientes com deficiência da enzima alfa 1 antitripsina podem apresentar sintomas leves ou graves da doença. Existem várias mutações descritas no interior deste gene, fazendo que a doença tenha um grande expecto de sintomas, podendo ser de assintomático a sintomático.
A alfa-1 antitripsina é uma proteína produzida principalmente pelos hepatócitos e a principal função é inibir a elastase neutrofílica. A elastase tem a capacidade de causar lesões no pulmão, limitando as troca gasosas, dificultando a oxigenação do sangue. No pulmão, pode se manifestar através de enfisema, bronquite crônica e bronquiectasia. No fígado, a alfa-1 antitripsina mutante se agrega no interior dos hepatócitos, podendo levar à colestase neonatal, hepatopatia crônica ou cirrose.
É uma doença genética, ou seja, não é adquirida. A pessoa nasce com esta alteração.
A doença hepática causada pela deficiência de alfa 1 antitripsina tendem a afetar crianças do nascimento até os cinco anos de idade ou adultos acima de 50 anos.
Embora a doença seja causada pela mutação de um único gene, os sintomas podem ser muito variados, podendo afetar os pulmões e o fígado. O porquê os pacientes tendem a ter problema pulmonar ou o hepático é desconhecido. Em relação ao pulmão, podem apresentar enfisema, asma e bronquiectasia.
Estima-se que aproximadamente 2% dos pacientes adultos com doença obstrutiva crônica possuem deficiência de alfa 1 antitripsina. Em relação ao fígado, recém-nascidos e crianças se apresentam com icterícia, hepatomegalia, esplenomegalia e sintomas de hepatite aguda. Recém-natos que apresentam icterícia dentro dos primeiros 4 meses de vida, com predomínio de bilirrubina direta, devem ser avaliados para a possibilidade da doença.
Estima-se que aproximadamente 10 a 30% dos pacientes com redução da produção da enzima alfa 1 antitripsina de 85% (fenótipo PI*ZZ), desenvolvem doença hepática. Dentre os sintomas hepáticos incluem: icterícia, hepatomegalia e sintomas de cirrose (esplenomegalia, ascite, hemorragia digestiva alta, encefalopatia).
O diagnóstico é realizado através da história clínica e dos exames de sangue. Pacientes que possuem suspeita de deficiência de alfa 1 antitripsina apresentam alterações discretas dos níveis de TGO e TGP (<1,5x o normal). A dosagem da alfa 1 antitripsina no sangue faz o diagnóstico.
Deve-se suspeitar desta doença em pacientes acima de 50 anos com hepatite crônica, cirrose ou hepatocarcinoma, história de hepatite neonatal, história pessoal ou familiar de cirrose ou doença pulmonar obstrutiva crônica de etiologia desconhecida. Importante destacar a presença da doença pulmonar e hepática podem não coexistir no mesmo paciente.
Biópsia Hepática: A biópsia pode fazer o diagnóstico, demonstrando um acúmulo de polímeros de alfa 1 antitripsina no interior dos hepatócitos, assim como determinar o grau de fibrose. Pode também demonstrar outras causas de cirrose.
A progressão da doença pode desenvolver a cirrose e o enfisema pulmonar.
O tratamento consiste em prevenir a progressão do enfisema, das lesões no fígado, e melhorar a qualidade e quantidade de vida do paciente. O tratamento pulmonar baseia-se na utilização de broncodilatadores, oxigênio, fisioterapia pulmonar, vacinação contra influenza e pneumococo, e infusão de alfa 1-antiprotease (infusão da enzima alfa 1 antitripsina obtida do plasma de pessoas saudáveis). Não existe um tratamento específico para o fígado. O único tratamento curativo é o transplante de fígado.
Aproximadamente 11% dos pacientes evoluem para cirrose. Nestes casos, o único tratamento curativo é o transplante de fígado. A sobrevida de pacientes com deficiência de alfa 1 antitripsina é significativamente menor do que a população normal, mas tudo depende do grau de penetrância da doença, ou seja, da quantidade de alfa 1 antitripsina que é produzida pela pessoa.
Não há como evitar, pois é uma doença genética. A avaliação genética de um casal, antes de ter filhos, pode estimar a possibilidade de um casal vir a ter um filho com a doença.