É a inflamação da vesícula biliar. A causa mais comum é a colelitíase (pedras na vesícula).
A causa mais comum é devido a cálculos na vesícula, que obstruem a via de saída da bile do interior da vesícula, ou seja, obstruem o ducto cístico. A bile que está armazenada no seu interior não consegue sair, o que pode levar a infecção. Menos frequentemente pode ser sem cálculos (Colecistite aguda acalculosa).
Presença de cálculos na vesícula biliar com história de cólica biliar.
Pacientes que possuem sintomas de pedra na vesícula (colelitíase) tem uma incidência de 6 a 11% de desenvolver colecistite aguda durante um período de 10 anos.
A dor é do tipo cólica ou contínua, forte intensidade, comumente na região do estômago, lado superior direito do abdômen com irradiação para as costas, com duração prolongada, geralmente de mais de 6 horas. Náuseas, vômitos e anorexia também são comumente vistos. Pode apresentar febre. O exame físico pode apresentar dor à palpação de região superior direita do abdômen (hipocôndrio direito) ou epigástrio, que piora ao inspirar o ar durante a palpação (Sinal de Murphy). Em quadros mais avançados pode apresentar sinais de sépsis e peritonite generalizada.
A suspeita de Colecistite aguda é feita através da história clinica do paciente e do exame físico. O diagnóstico na maioria das vezes é feito através de uma ecografia.
Exames de Sangue: Alteração do hemograma pode evidenciar sinais de infecção, como a leucocitose e a bastonetose. Alterações de exame de função hepática, como TGO, TGO, GGT podem ser vistas, porém geralmente discretas. Caso haja grande alteração dos exames, como TGO, TGP, bilirrubina, amilase e lipase, é necessário verificar outras causas para as alterações laboratoriais, como a pancreatite aguda e a colangite.
Ecografia: É o melhor e mais utilizado método para o diagnóstico. Na ecografia pode demonstrar pedras ou lama biliar. As pedras aparecem como foco ecogênico, com sombra acústica posterior, e geralmente são móveis quando o paciente é mudado de posição durante o exame. Pode ser evidenciado um material ecogênico no interior, chamado de lama biliar, sem cálculos evidentes, principalmente na Colecistite alitiásica. A parede da vesícula se encontra espessada (mais do que 4-5mm), e com edema (sinal da parede dupla).
Tomografia e ou Ressonância: Raramente indicados, exceto quando existe alguma dúvida diagnóstica. A ressonância permite uma melhor visualização de cálculos do que a tomografia, principalmente se for realizada com contraste específico para o fígado (colangiorressonância). Pode demonstrar sinais inflamatórios, como edema de parede da vesícula e inflamação do tecido adjacente.
Cintilografia: Consiste em administrar via endovenoso um marcador que é excretado pela vesícula biliar. Permite visualizar a presença de cálculos e disfunções na motilidade da vesícula. Em caso de Colecistite aguda, em que há obstrução do ducto cístico, a bile que estará impregnada pelo contraste não entrará no interior da vesícula. O teste é considerado positivo para Colecistite se a vesícula biliar não pode ser visualizada.
Ultrassonografia Endoscópica: Consiste em uma endoscopia associada a uma ecografia que é feita por dentro do seu estômago. Pode auxiliar a determinar se uma lesão é um cálculo, pólipo ou um tumor. Raramente pode ser indicado em pacientes com sintomas típicos de cólica biliar, em que a ecografia não demonstrou alterações. Pode demonstrar cálculos menores que 3 mm. É um método mais sensitivo para diagnosticar cálculos, principalmente em pacientes obesos.
Colecistograma Oral: Raramente utilizado. Consiste em ingerir um contraste pela boca que é absorvido pelo intestino e eliminado pela bile. Um raio X é obtido e o teste é positivo quando a vesícula biliar não é identificada. A bile que está impregnada pelo contraste não consegue entrar no interior da vesícula devido à obstrução do ducto cístico.
Medicações: Pode ser utilizado o ácido ursodeoxicólico. Pode ser necessário de uma a dois anos de medicação.
É a inflamação da vesícula em pacientes sem cálculos. Geralmente é vista em pacientes gravemente doentes. Corresponde a 10% dos casos de Colecistite aguda e é associada a maiores taxas de complicações e mortalidade.
É uma Colecistite aguda com infecção secundária por bactérias que produzem ar (ex. Clostridium welchii, E. coli, pseudômonas, klebsiella, staphilococcus, streptococcus). Mais comum em pacientes entre 50 a 70 anos, diabéticos, e com colelitíase. É associada a mais complicações.
Inflamação crônica da vesícula, associada a cálculos por longo período de tempo, associados a episódios recorrentes de Colecistite aguda.
Consiste na retirada de vesícula biliar, a colecistectomia é realizada por laparoscopia. Durante um episódio de dor aguda, incialmente realiza-se controle da dor (antiespasmódicos, anti-inflamatórios, opióides), antibióticos, seguido de colecistectomia. Se o paciente apresenta condições de realizar uma cirurgia, a colecistectomia é prontamente realizada.
Em pacientes extremamente doentes, sem condições cirúrgicas, pode ser realizado tratamento clínico ou a colecistostomia. A colecistostomia consiste na colocação de um cateter para drenagem da bile infectada do interior da vesícula, podendo ser realizada de forma percutânea (mais comum) e laparoscópica. A introdução de cateter no interior da vesícula biliar também pode ser realizada através de colangiografia endoscópica retrógrada.
A vesícula pode gangrenar (até 20% dos casos) e perfurar (até 2% dos casos), desencadeando infecção sistêmica e abscesso local. Pode causar peritonite, fístula colecistoentérica (comunicação anômala entre a vesícula e o intestino), íleo biliar.
Colelitíase, pancreatite aguda, apendicite, úlcera péptica, pneumonia, perfuração de vísceras, infarto do miocárdio, hepatite aguda, síndrome do intestino irritável e doenças renais.
Pacientes com colelitíase devem ser submetidos a retirada da vesícula biliar para evitar complicações, desde que haja condições clínicas do paciente para cirurgia.